segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

UMA ALTERNATIVA PARA NOVAS LUTAS

Jefferson Tramontini

A eleição e reeleição de Lula, respectivamente em 2002 e 2006, abriram um novo ciclo político no Brasil. A chegada ao governo central de um filho da classe operária, originado nas lutas populares tem alterado significativamente a conjuntura brasileira e, naturalmente, os movimentos populares não ficam alheios a isso. Após aproximadamente uma década de dura resistência, com consideráveis reveses para os trabalhadores e o avanço galopante do neoliberalismo, os movimentos começaram a respirar novos ares. As novas possibilidades abertas pelo novo governo e a esperança depositada pelo povo em Lula também impuseram novas tarefas às direções dos movimentos, em especial do sindicalismo. Se durante a década de noventa as diversas correntes progressistas e de esquerda atuantes no sindicalismo brasileiro foram praticamente obrigadas a unirem-se em torno da resistência ao inimigo comum, que também contava com expressivo suporte de seu braço sindical; a primeira eleição de um trabalhador à presidência da república fez com se aflorassem as divergências sobre qual o caminho mais acertado para fazer com que o movimento dos trabalhadores passasse à ofensiva. Força e CUT

Se durante os terríveis anos de total hegemonia neoliberal havia, na prática, uma polarização entre a Força Sindical, apoiando o programa elitista, e a Central Única dos Trabalhadores (CUT), aglutinando a resistência; na atualidade as duas maiores centrais sindicais brasileiras em muito se confundem.

A Força Sindical, alijada parcialmente do poder, viu-se obrigada a questionar pela primeira vez, mesmo que pontualmente, um governo. Já a CUT, em sua maioria, não compreendeu corretamente seu papel na nova realidade agindo, muitas vezes, como mera retransmissora das políticas governamentais. Se a Força Sindical deslocou-se da direita para o centro, a CUT também caminhou da esquerda para o centro do espectro político. Esse fator aproximou as duas centrais antes adversárias.

Exemplo cabal dessa convergência foi o projeto de reforma sindical costurado no tripartite Fórum Nacional do Trabalho (FNT). A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 369, originada no FNT, foi defendida pelo governo, em sua maioria, pelas entidades patronais e pelas entidades de trabalhadores que permaneceram no Fórum, apenas a CUT e a Força Sindical.

Hegemonismo

Durante os anos de chumbo do neoliberalismo, para manter firme o pólo de resistência, a CUT, as correntes vinculadas ao Partido dos Trabalhadores, em especial sua força majoritária a Articulação Sindical, foram forçadas a abrir maior espaço de ação política às demais organizações. A partir de 2002 esse quadro começa a se alterar e o hegemonismo petista retorna com toda a força. Desde então o que se vê são correntes deixando a maior central brasileira e procurando outros caminhos, como os que formaram a Conlutas e a Intersindical.

A incompreensão dos dirigentes da corrente majoritária com relação à autonomia do movimento sindical frente ao governo, tem levado a CUT a perder bases históricas, que foram essenciais às recentes lutas de resistência, como os diversos segmentos de servidores públicos, que têm desfiliado suas entidades da CUT.

Os congressos estaduais e nacional da Central Única dos Trabalhadores em 2006, agravaram a já delicada realidade interna da CUT. Na ânsia de controlar absolutamente tudo, a Articulação Sindical, por meio da tesouraria nacional, impediu que diversos sindicatos, dirigidos por outras correntes, participassem dos debates e decisões, superdimensionando a corrente que já era a maior antes. O que se viu foi a disputa encarniçada dentro da corrente majoritária, em detrimento da democracia e da luta.

Ao longo do último período, a CUT vem aceleradamente se burocratizando e se concentrando em sua própria máquina, deixando as bases sindicais em segundo plano. A lógica do controle absoluto, imposto pela corrente hegemônica, impede que outras forças se façam ouvir no interior da central.

Dispersão

Mesmo com todas as dificuldades, a CUT permanece como uma importantíssima entidade popular, congregando um sem número de valorosos companheiros, mas sem ter mais possibilidade de ser o pólo exclusivo de combate.

Em face da nova realidade e das dificuldades de sobrevivência política no interior da CUT, sindicalistas vinculados à Corrente Sindical Classista (CSC), segunda maior força da central, iniciaram um debate sobre seu próprio caminho no movimento sindical. Nesse processo a CSC, de forma ampla e democrática, consultou diversas outras correntes sindicais da CUT e de outras centrais, centenas de sindicatos, federações e confederações independentes e, após mais de um ano de intensos debates a coordenação nacional da CSC decidiu pela fundação de uma nova alternativa para o sindicalismo no Brasil, convocando um Encontro Nacional para deliberar definitivamente sobre o assunto.

A decisão da CSC estimulou outras forças do sindicalismo a se somar no projeto de construção de uma nova alternativa sindical, com objetivo de superar o centrismo existente e de elevar a luta dos trabalhadores a um novo patamar, passando da defensiva à ofensiva.

Central Classista

Com isso formou-se o Movimento por uma Central Classista e Democrática, aglutinando sindicalistas da cidade e do campo, das mais diversas categorias, das mais variadas correntes de pensamento, concretizando um projeto amplo, democrático, unitário, classista e de luta.

Sobretudo, a Central Classista e Democrática tem como horizonte a emancipação de todos os trabalhadores, o socialismo, que só pode ser alcançado com a efetiva participação massiva da classe dos trabalhadores.

Com esse objetivo, chamamos todos os companheiros comprometidos com as lutas dos povo brasileiro, para que se somem ao nosso Movimento, fortalecendo a unidade dos trabalhadores e avançando rumo ao socialismo.

Jefferson Tramontini - Diretor do Sindicato dos Bancários de Curitiba e coordenador da CSC/PR

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