sexta-feira, 20 de junho de 2008

MENOS JUROS. MAIS DESENVOLVIMENTO

Movimentos sociais demonstram insatisfação com juros altos

Menos Juros. Mais desenvolvimento. Sob esse mote, a Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) reuniu cerca de cinco mil manifestantes, na manhã desta quinta-feira (19), em frente a sede do Banco Central, em Brasília, para protestar contra a política de juros altos. O presidente da CTB, Wagner Gomes, lembrou que “as últimas três reuniões do Copom foram para aumentar os juros sob o pretexto de segurar a inflação. Nós viemos aqui para dizer que somos contra isso, que a inflação se combate com desenvolvimento e não juros altos”.

Os manifestantes, portando cartazes e bandeiras, buzinando e gritando palavras de ordem, acompanharam os discursos dos líderes que enfatizavam as palavras da nota oficial da entidade. Eles também destacaram a disposição de manter a mobilização e os protestos para denunciar e chamar atenção para o problema. “Vamos nos manter mobilizados porque, se continuar o aumento dos juros, nós vamos continuar protestando, inclusive nos outros estados”, disse Gomes.

O vice-presidente da CGTB, Ubiraci Dantas de Oliveira (Bira), funcionou como animador do ato, puxando com os manifestantes as palavras de ordem: “Juros altos/ Decepção/ Fora Meirelles/ Traíra da nação”.

Antônio Carlos Spis, da CMS, aproveitou a ocasião para lembrar a campanha que vem sendo implementada pelos trabalhadores brasileiros pela aprovação do projeto de lei de redução da jornada de trabalho.

Força dos estudantes

Embalados pelos gritos de “nas ruas/ nas praças/ quem disse que sumiu/ aqui está presente/ o movimento estudantil”, os líderes sindicais saudaram os jovens e estudantes presentes ao ato . John Lacerda, funcionário do Banco do Brasil, agradeceu “a força dos estudantes que têm feito o trabalho do povo brasileiro”, disse, apelando para que eles forcem a saída de Henrique Meirelles do Banco Central como fizeram com o ex-reitor da UnB, Timothy Mulholland, acusado de corrupção.

Para o presidente da União da Juventude Socialista (UJS), Marcelo Gavião, “o ato reuniu não só a juventude, mas trabalhadores e atores sociais, demonstrando nossa rebeldia contra a política do Banco Central. Esse ato é uma manifestação da forma como a sociedade está recebendo o aumento da taxa de juros”, enfatizou.

Para Gavião, a retomada do aumento da taxa de juros representa um grande retrocesso. “Havia uma redução da taxa de juros, apesar de lenta, e no último período eles retomaram a alta da taxa de juros. É um retrocesso, porque o Brasil vem crescendo e essa política aponta para diminuição do crescimento”. Em seu discurso, Gavião disse que se persistir essa política, “nós vamos radicalizar”, propondo invadir o Banco Central.

Cercado por forte esquema de segurança, os manifestantes foram alertados pelo presidente da CTB para manter a manifestação pacífica. Ao final da do ato, eles jogaram “bombas” de tinta verde e amarela e fizeram inscrições nas paredes do prédio do BC com o pedido de “Fora Mirelles”.

Acusação aos empresários

O presidente nacional da CUT, Artur Henrique, manteve o mote dos discursos, defendendo a diminuição das taxas de juros e os investimentos nas áreas de saúde, educação e segurança. ''Os gastos públicos com saúde, educação e segurança precisam aumentar, e não diminuir'', disse.

Ele também acusou o empresariado pelas pressões inflacionárias. ''Contando com perspectiva de inflação futura, empresários aproveitam para aumentar preços ao consumidor e, assim, ameaçam mesmo a estabilidade econômica, pensando apenas nos seus próprios umbigos e nos lucros. Enquanto isso, ficam de maneira hipócrita e dissimulada defendendo corte nos investimentos públicos'', atacou Artur.

Comprovação

Na nota oficial divulgada pela CMS, os argumentos usados nos discursos das lideranças são os de que “a irracionalidade desta lógica fiscalista de Meireles, mantida pelo governo Lula, é facilmente comprovada: embora sangre o país para manter em dia os pagamentos aos especuladores, os juros estratosféricos elevaram a dívida líquida do setor público para R$1.141,3 bilhões em março. Ou seja, quanto mais o país paga, mais deve”.

Segundo a nota ainda “como bem demonstra o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o caminho do desenvolvimento é outro. Passa pelo fortalecimento do papel indutor do Estado, pela garantia de contrapartidas sociais para os investimentos com recursos públicos, pela indução do crescimento com geração de emprego e distribuição de renda”.

Participaram da manifestação a CTB, CUT, UNE, UJS, Conam, UBM e Unegro, entre outras centrais sindciais e entidades do movimento social.

Fonte: Vermelho

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