quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

TRABALHADORES REAGEM CONTRA CHANTAGEM PATRONAL

A crise econômica mundial é o pretexto para a nova ofensiva patronal contra os direitos dos trabalhadores. Nos últimos meses, o crescimento econômico favoreceu a luta operária; o desemprego diminuiu e algumas categorias tiveram conquistas, principalmente salariais. Esse ambiente favorável havia enfraquecido as armas usadas pelos patrões para chantagear os trabalhadores e impor perdas de direitos sociais. Mas a burguesia nunca desistiu de sua ofensiva nem arquivou seus programas de ''flexibilização'' da legislação. O presidente da Vale, Roger Agnelli, atacou pela imprensa - e, diz ele, em conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva - as leis trabalhistas. Ele quer a ''suspensão de contrato de trabalho, redução da jornada com redução de salário, coisas assim''. ''Seria algo temporário, para ajudar a ganhar tempo enquanto essa fase difícil não passa''. O governo tucano de José Serra tem pretensões semelhantes, e a Secretaria do Emprego e das Relações do Trabalho divulgou a proposta de criar um programa emergencial de seguro desemprego e suspender temporariamente o contrato de trabalho nas empresas em dificuldades. Passando das palavras aos fatos, a fabricante de vagões ferroviários Amsted-Maxion demitiu cerca de 1.500 operários nas cidades paulistas de Osasco, Hortolândia e Cruzeiro (nesta, há outros 200 sob ameaça do facão patronal). E infringiu a lei ao incluir entre os demitidos, trabalhadores que têm estabilidade ou que sofreram doenças ocupacionais e acidentes de trabalho. A chantagem é nítida. No caso da Vale, a empresa teve dois anos de lucros líquidos estratosféricos: 13,4 bilhões de reais em 2006 e 20 bilhões em 2007. Mesmo assim, é ré num crescente número de processos trabalhistas (que já supera oito mil, incluindo as empresas terceirizadas!) na Justiça do Trabalho do Pará. No caso da Amsted-Maxion, é difícil acreditar que os efeitos da crise já tenham batido à sua porta, justificando ações preventivas contra ela. É sabido, entre os sindicalistas, que fabricantes de bens de capital (como ela) tendem a ser os últimos afetados pela simples razão de que não produzem para o mercado de consumo direto, como as demais empresas, mas sob contratos efetuados com fabricantes de produtos finais, contratos protegidos por pesadas multas. Além disso, existem as linhas de crédito oferecidas pelo governo justamente para manter a produção e o nível de emprego, que beneficiam as empresas. Tudo isso fundamenta a forte percepção de que demissões e pretensões de eliminar direitos trabalhistas não passam da costumeira chantagem patronal contra os trabalhadores e o governo - que sinalizou que não vai se envolver nesta questão, mas deixá-la para a negociação entre patrões e operários. ''Quanto mais distância o governo tiver da relação entre capital e trabalho, melhor'', disse Lula. ''Eles sentam à mesa e encontram um acordo''. Neste jogo a luta dos trabalhadores é central. A resposta para a chantagem patronal foi rápida: na Amsted-Maxion, no dia 15, cruzaram os braços pela reintegração dos trabalhadores dispensados. A greve, disse o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves (Juruna), ''é uma importante demonstração de força para os trabalhadores verem que é possível resistir'', que ''é possível levantar a cabeça''. A orientação é clara: onde houver demissões, ''toda a categoria vai entrar em greve'', disse. ''Os trabalhadores não vão pagar por uma crise econômica que não é sua''. Esta orientação é partilhada pelas demais centrais, entre elas a CUT e a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) que, no documento entregue ao governo, no início do mês, defenderam a garantia do emprego como condição para as empresas em dificuldades obterem empréstimos de emergência nos bancos oficiais. Ao contrário do que pretendem Roger Agnelli, os patrões e o governo tucano de São Paulo, os trabalhadores querem manutenção dos empregos e redução da jornada de trabalho sem diminuição dos salários para fortalecer o mercado interno e permitir o enfrentamento da crise avançando, e não andando para trás. Fonte: Vermelho

1 comentários:

Ramon Fonseca disse...

Tramontini, já vi que voltou com a corda toda, ainda bem!
A dica de hoje é o lançamento do Portal da Fundação Maurício Grabois, confira em: www.ramonjrfonseca.blogspot.com

Saudações Revolucionárias

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