A “passividade bovina” não ajuda Dilma
*Altamiro Borges (Miro)
O governo Dilma Rousseff não completou ainda nem os “cem dias de trégua” e já causa polêmicas em setores da sociedade que tiveram papel ativo na sua eleição. Alguns se mostram decepcionados e anunciam o seu “desembarque”, adotando posturas típicas de oposição. Outros não toleram qualquer tipo de censura à presidenta e rotulam os críticos de “direitistas”, “afoitos” e outros adjetivos mais baixos. Penso que os dois extremos estão equivocados, erram pela precipitação.
Truque rasteiro da mídia demotucana
Não dá para cair no truque rasteiro da mídia demotucana, que tenta colocar uma cunha entre Lula e Dilma. A presidenta, com seu estilo próprio, representa a continuidade do seu antecessor. Sabe que foi eleita devido à popularidade de Lula, adquirida não por causa de seu carisma – mas graças aos programas sociais de transferência de renda, à valorização do salário mínimo, à postura democrática de diálogo com os movimentos sociais, à política externa altiva e ativa que granjeou respeito mundial.
Seria um suicídio político romper com esta trajetória, que conquistou amplo apoio da sociedade. Dilma sempre demonstrou muita firmeza de convicção no propósito de fazer avançar nestas mudanças. Além disso, o seu governo, apesar de priorizar a aliança com o centrista PMDB, tem forte presença de partidos e personalidades progressistas. Em algumas áreas isto já tem reflexos, como na Secretaria de Direitos Humanos que adota posições avançadas sobre a Comissão da Verdade e na luta contra a homofobia.
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