O transformismo e os nossos desafios
Rita Matos Coitinho*
Cada época histórica enseja novos desafios para a ação política. Inútil, portanto, o apego às palavras de ordem do passado. Essencial a adaptação do discurso e da prática política à linguagem contemporânea, aos anseios ascendentes, às novas nuances da realidade social.
Até aqui nenhuma novidade nessas mal traçadas linhas. Mas o leitor, se acaso tiver mais alguns minutos, continue por aqui mais um pouco. É que a aparente simplicidade das conclusões listadas acima esconde problemas complexos para a ação política – em especial para aqueles que se orientam para algo além da gestão do Estado capitalista - aquilo que chamamos “socialismo” há 166 anos, desde a publicação do Manifesto Comunista, de Marx e Engels, em 1848.
É importante essa ressalva. Pois há partidos políticos (e são a maioria) cuja ação está circunscrita à disputa do aparato de Estado. Estar nas prefeituras, câmaras, parlamentos, governos estaduais e federal. Ocupar secretarias, administrar orçamentos, vender pareceres técnicos e mudar semestral ou anualmente o plano de trabalho dos servidores públicos concursados para que nada mude de fato, se é que me faço entender. Enfim, partidos do jogo político “legal” (às vezes nem tanto), da ordem, da palavra vazia nos parlamentos que funcionam como balcões de negócios, da dança de cadeiras na administração direta, indireta e autárquica.