LUCRO DO BB, A DÚVIDA É: CAIU 16,32% OU SUBIU 35,09%?
Pablo S. M. Ruiz Diaz*
Quando estudamos matérias relacionadas às Ciência Contábeis, aprendemos que existem para efeito de análises de desempenho, dois regimes de avaliação: a) Regime de Competência ; b) Regime de Caixa.
O Regime de Competência considera o desempenho operacional de uma empresa num determinado período (mês trimestre, semestre ou ano). Avalia se deu lucro, se ficou no equilíbrio com lucro zero ou se deu prejuízo.
O Regime de Caixa considera a efetiva movimentação de caixa, entradas e saídas na conta bancária, o dinheiro que circula no caixa da empresa.
Assim sendo, lemos, ouvimos e vimos manchetes estrondosas que repetiram sem maiores reflexões: “Lucro do Banco do Brasil cai 16,3% em
Quanto ao lucro do BB em 2006, pesquisando o sítio Diário Econômico.com http://diarioeconomico.com/edicion/diarioeconomico/internacional/empresas/pt/desarrollo/744061.html lê-se :
“Numa nota disponível na sua página 'on-line', a instituição financeira explica que "este resultado contempla o efeito extraordinário positivo de 2,37 mil milhões de reais (863,5 milhões de euros), líquido de impostos, resultante do Fundo Paridade Previ, da Provisão Extraordinária para Risco de Crédito, da Ativação de Crédito Tributário e da Recuperação de Indébito Tributário".
Ou seja, o aporte de 2,3 refere-se ao regime de caixa, quando um valor que foi gerado em períodos anteriores e era de direito do BB . Logo, não faz parte do lucro operacional do período 2006, é um lucro recuperado. Analisando o quadro do desempenho do BB desde 2002, verificamos conforme quadro abaixo considerando o aporte extraordinário de R$ 2,3 bilhões:
Ano | Lucro em R$ | Crescimento |
2002 | 2.028 | |
2003 | 2.381 | 17,42% |
2004 | 3.024 | 27,01% |
2005 | 4.154 | 37,35% |
2006 | 6.044 | 45,52% |
2007 | 5.058 | -16,32 |
Como ficaria a análise de desempenho operacional do BB se subtraíssemos a RECEITA EXTRAORDINÁRIA? Veja o quadro abaixo :
Ano | Lucro em R$ | Crescimento |
2002 | 2.028 | - |
2003 | 2.381 | 17,42% |
2004 | 3.024 | 27,01% |
2005 | 4.154 | 37,35% |
2006 | 3.744 | -9,85% |
2007 | 5.058 | 35,09% |
Pelo Regime de Competência , observamos um crescimento 35,09% no Lucro Operacional do BB em 2007 em relação ao desempenho de 2006. Ou seja, a despeito dos gastos extras com o PAA, o ESFORÇO DO FUNCIONALISMO DO BB AUMENTOU A LUCRATIVIDADE DO BB EM 35,09%.
Por que nossa preocupação com esta questão??
1º) A imprensa como um todo (Jornalões, jornalecos, imprensa marrom, amarela, azul, a que apoiou a privataria, o desmonte do estado brasileiro a preço de banana) procura desqualificar os Bancos Públicos. É uma guerra velada que sempre produz manchetes desabonadoras contra os bancos públicos;
2º) O discurso de cima para baixo na hierarquia do BB usará os “manchetões “ para argumentar que precisamos aumentar o desempenho, que foi ruim, que o lucro caiu, etc. Nada mais conveniente e ancorado na ignorância dos fatos. Este discurso só fará aumentar a PRESSÃO POR METAS, ASSEDIO MORAL E DESRESPEITO COM UM FUNCIONALISMO QUE FEZ O LUCRO AUMENTAR, A DESPEITO DO DESCARTE IRRESPONSÁVEL DO “CAPITAL HUMANO”, CUJO MAIOR PECADO ERA TER MAIS DE 50 ANOS;
3º) Alerta ao funcionalismo para não acreditar neste discurso uníssono de papagaio, onde há apenas repetição sem reflexão. Como dizia Goebbels , homem forte da propaganda nazista : Uma mentira se contada mil vezes, se torna verdade.
5º) PARABÉNS AO VALOROSO FUNCIONALISMO DO BB POR SUPERAR AS METAS, AUMENTAR O LUCRO, A DESPEITO DE UM COMANDO QUE NÃO ENXERGA SEUS FUNCIONÁRIOS COMO ALIADOS, APENAS COMO NÚMEROS.
Pablo S. M. Ruiz Diaz é economista e diretor do Sindicato dos Bancários de Curitiba
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