Expresso: Bombeiros do RJ exigem condições dígnas

Os bombeiros do Rio de Janeiro, apesar de, como militares, estarem proibidos de exercer a greve, cansaram-se de esperar a "boa vontade" do governo do estado e do comando da corporação. Uma multidão de bombeiros e suas famílias ocuparam o quartel central e, com isso ganharam muita visibilidade à sua causa. O soldo (salário) de um bombeiro no RJ é de míseros R$331 que, somado a gratificações e indenizações, chega a pouco mais de R$1.100. Os praças tentam negociar com o governador Sergio Cabral a meses, sem resposta. Cansados de esperar, a revolta gerou a ocupação do quartel que foi fortemente reprimida pelo BOPE. Centenas de bombeiros foram presos e declarados vândalos pelo governador, que não parece ter vontade de melhorar as condições de vida dos soldados que salvam vidas.

Sem entrar no mérito da correção da ocupação do quartel, ela demonstra uma profunda insatisfação dos bombeiros que, como qualquer trabalhador, quer boas condições de vida e trabalho para si e sua família. Os "amotinados" devem agora ser enquadrados em algum "crime militar" e correm o risco de perder seus empregos. Enquanto isso, o povo do RJ fica sem gente qualificada para salvar vidas e a polícia, como sempre, é usada para reprimir protestos ao invés de garantir a segurança pública. A tentativa é mudar o foco, da situação de penúria dos bombeiros, para uma "insubordinação" de militares. Algumas perguntas ficam no ar. Até quando os bombeiros permanecerão sem condições reais de exercer bem seu trabalho essencial? E, afinal, porque o Corpo de Bombeiros é militar e não civil?