A Classe Média Curitibana Murmura
Zenir Teixeira*
É duro prá esta classe média entender que o Ratinho Junior representa uma nova e promissora alternativa política que destoa da dicotomia PT-PSDB. Ainda mais os que sempre defenderam a via de mão única com o PT, este guarda-chuva que faz de tudo para impedir qualquer força política crescer, especialista que é na lida matreira por apoios, tudo para defender o seu projeto de hegemonia. É duro também acreditar que o Ratinho é base de sustentação do projeto político-popular iniciado por Lula e levado agora por Dilma. Será que não compreendem ainda que o Gustavo esteve contra o este projeto, defendeu todo este tempo de tucanagem e oposição sistemática ao Lula e o PT e só saiu desta seara neoliberal quando viu que ali não tinha mais guarida para ser candidato? Lutou até não poder mais para ser o candidato tucano! Relevo, é possível que tenha feito uma profunda autocrítica, verificado que o neoliberalismo e o moralismo conservador não lhe serve mais, tudo para assumir agora com galhardia o projeto da “esquerda petista” paranaense. Convenhamos!
É duro para esta classe média, mais fadada à ligação com as elites curitibanas aceitar a luta de classes explícita que fervilha nestas eleições e envermelha as suas brancas silhuetas. Vêem então, tarde, que o “Gustavinho” é o seu representante, contra estes matutos interioranos que tomaram conta de sua capital e se esparramaram pelos bairros como avalanche de gente e que agora ameaçam, representados por um guri, arrancar-lhes o poder, após mais de 20 anos de alegria bateliana.
É duro para esta classe média dita intelectualizada, mas prenhe de preconceito mesquinho, entender que esta aliança PSC-PC do B-PT do B-PR, e que tem Ratinho Junior como protagonista, é uma nova e alternativa política que galvaniza o anseio das massas populares. É difícil para eles entender porque nem Lula nem Dilma, as principais lideranças progressistas do país, não aprovam, não dão declarações e não virão apoiar o candidato do PT nesta capital. Peguem os discursos do Gustavo no congresso, brandindo o verbo do golpe arquitetado pelo partido da imprensa golpista e os arautos da oposição conservadora, que pretendia destronar o companheiro Lula.
Agora vêm falar em mudança segura, em candidato mais preparado. Quanto preconceito, quanto desdém, quanta arrogância. Ninguém mais do que o Lula sofreu deste mal. Diziam: o que um operário com o quarto ano primário vai fazer na Presidência? – Agora podemos falar: um dos maiores, senão o maior Presidente que o país já teve!
É difícil também entender as coisas mais elementares na luta política, que para ganhar, é preciso aglutinar forças, que apoio não se despreza. Elementar! Então porque tanta grita quanto à feitura das alianças, quanto às declarações de apoio? – O que não se pode conceber é acordo de bastidor, é comprometer a honra em troca de cargos, de conluio em defesa dos próprios interesses e não dos interesses maiores do povo.
Por tudo isso, e tendo presente a vitória no primeiro turno devemos continuar fazendo a campanha sem ataques descabidos a partidos que são nossos adversários pontuais na capital, mas que estão juntos na luta por um novo projeto nacional de desenvolvimento, que pretendem dar continuidade e fazer avançar o projeto popular iniciado por Lula e levado à cabo por Dilma.
*Zenir Teixeira é dirigente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB/PR)
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