Sem constituinte, sem reforma
A
matéria escrita por Daniel Bramatti, hoje, no Estadão,
é uma descrição perfeita do que nos aguarda se, de fato, mídia,
oligarquias políticas e a covardia de setores do PT obrigarem a
Presidenta Dilma Rousseff a recuar em sua proposta de convocar, por
plebiscito, uma Constituinte exclusiva.
Ela
narra os compromissos de Fernando Henrique – este que diz que
Constituinte exclusiva é
coisa de governo autoritário –
e de Lula em realizá-la.
E,
em todos os momentos, ela não sai.
Sai
tudo o que interessa aos governos e aos interesses econômicos.
Reeleição,
quebra do monopólio do petróleo, reforma da previdência, dos
direitos dos servidores públicos, mudança nos impostos.
Transparência,
fim do poder econômico nas eleições, mais austeridade e deveres
para os parlamentares? Isso, nunca!
“Quem
legisla em causa própria não faz reforma”, sentenciou Lula, em
2006.
Ninguém
duvida que uma reforma política, que retire o Congresso do autismo
com que se comporta em relação à sociedade e aos interesses do
Brasil é uma necessidade imperiosa.
Aí
está a história dos últimos 20 anos para mostrar isso.
A
legitimidade dessa reforma é inquestionável.
Dilma
proclamou isso já em seu discurso de posse, relembra Bramatti:
“Na
política, é tarefa indeclinável e urgente uma reforma com mudanças
na legislação para fazer avançar nossa jovem democracia,
fortalecer o sentido programático dos partidos e aperfeiçoar as
instituições, restaurando valores e dando mais transparência ao
conjunto da atividade pública.”
Sem
constituinte, porém, vai continuar a prevalecer aquilo que o
vice-presidente Michel Temer disse:
“É
muito difícil, porque é uma questão praticamente individual. Cada
deputado e senador pensa – precisamente e legitimamente – em seu
futuro.”
É
essa a questão, claramente.
O
que deve prevalecer: o interesse corporativo das instituições
parlamentares ou o clamor público por transparência, austeridade e
eficiência em sua composição pelo voto e seu funcionamento?
A
constituição é, eventualmente, omissa em prever ou não a
possibilidade de ser reformada pela via de uma constituinte, vale o
princípio insculpido no primeiro parágrafo do primeiro artigo, logo
após definir que nosso país é uma república federativa.
“Todo
o poder emana do povo e em seu nome é exercido”.
Repito
o que foi dito ontem: recuar, por medo da mídia ou das oligarquias
partidário-parlamentares é pior do que perder uma disputa por isso,
clara e aberta, diante da população, se com ela nos comunicarmos de
forma direta.
Se
quisermos conduzir as coisas apenas no “campo institucional”
teremos um arremedo, um pastiche de reformas.
A
conversa fiada de que “é mais fácil” fazer a reforma pela via
congressual ordinária é uma mistificação.
Bem
diz, na matéria do Estadão, o deputado Henrique Fontana:
“”Por
acordo, não votaremos nem em dez gerações”.
Ou,
para ter um acordo, votaremos algo que nos envergonhará por dez
gerações.
Por
Fernando Brito
Fonte:
Tijolaço
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