domingo, 11 de setembro de 2011

Companheiro Allende? Presente! Agora e sempre!

Celso Lungaretti*

Há duas efemérides marcantes neste domingo, 11 de setembro.

A menos relevante para nós é aquela que a mídia colonizada trombeteia ad nauseam: o décimo aniversário de um atentado nebuloso nos EUA, com grande possibilidade de ter sido urdido ou, ao menos, consentido pelos que depois surfaram na onda da indignação provocada. Algo como uma versão atualizada do incêndio do Reichstag.

O certo é que deu pretexto para o desencadeamento de uma escalada repressiva/intervencionista que fez lembrar a intolerante e paranóica década de 1950 -- aqueles anos terríveis do macartismo e da guerra fria.

Os efeitos da pirotecnia atribuída a Osama Bin Laden, contudo, pouco se fizeram sentir no Brasil -- ao contrário dos de um atentado que golpeou duramente as aspirações dos povos latino-americanos, destruindo um dos mais generosos experimentos socialistas do século passado. 

Deixando de lado a pauta da imprensa espiritualmente satelizada pelo Império, eu quero mesmo é reverenciar um dos maiores heróis da nossa sofrida América Latina: Salvador Allende, o compañero presidente.

Que nunca pretendeu, no poder, ser nada além de outro militante revolucionário, como todos os seus companheiros de jornada na luta por um Chile com liberdade e justiça social.

E que, naquele terrível 11 de setembro de 1973, não aceitou curvar-se aos tiranos, preferindo a morte digna à fuga indigna que lhe ofereceram.

Então, as palavras que endereçou ao povo pelo rádio, na iminência do martírio, inspirarão para sempre os combatentes por um mundo redimido do pesadelo capitalista:

"Colocado numa transição histórica, pagarei com minha vida a lealdade do povo. E lhes digo: tenho certeza de que a semente que entregaremos à consciência de milhares e milhares de chilenos não poderá ser extirpada definitivamente. Trabalhadores de minha Pátria! Tenho fé no Chile e em seu destino. Outros homens se levantarão depois deste momento cinza e amargo em que a traição pretende se impor. Sigam vocês sabendo que, bem mais cedo do que tarde, vão abrir-se de novo as grandes alamedas por onde passará o homem livre, para construir uma sociedade melhor".

*Celso Lungaretti é jornalista, escritor e ex-preso político


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