segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Imprensa golpista sabe que quer ou não?


Orozimbo Souza Júnior*

A sempre chamada de grande mídia brasileira – hoje nem tão grande assim – cada dia honra a sua definição mais apropriada: PiG (Partido da Imprensa Golpista). É impressionante como alguns veículos de comunicação brasileiros mudam de opinião da noite para o dia quando o assunto e detratar o governo federal. As recentes medidas da presidenta Dilma Rousseff para minorar os efeitos da crise mundial refletem isso.

Os midiáticos especialistas em economia, na Globo capitaneados por Míriam Leitão, desde que o mundo é mundo e que Lula chegou ao poder sempre disseram que reduzir a taxa básica de juros seria a solução para tudo no Brasil. A cada reunião do Copom (Conselho de Política Monetária) em que era definida a manutenção do percentual de juros, ou mesmo seu aumento, o front de experts em finanças esbravejava com manchetes garrafais, sempre apoiadas pelo empresariado.

Mas na semana passada uma bomba caiu na cabeça desses detratores com o anúncio de que a famosa taxa Selic sofreria uma redução de meio ponto percentual, recuando de 12,5% ao ano para 12%. Desnorteado, o PiG tratou de arrumar economistas para criticarem a medida do governo. Tais especialistas, sem pestanejar, disseram que não era a hora de cortar juros. Incrível! Chega a ser de um cinismo ardil a postura da imprensa. Algum desavisado com um mínimo de senso crítico poderia concluir que essa mudança de atitude indicaria que a “grande mídia” não sabe o que quer. O lado perverso é que sabe sim, ou seja, buscar maneiras de bater em todas as medidas emanadas do Palácio do Planalto, pouco importando cair em contradição.

O braço da imprensa no Congresso Nacional, também convalido pelo golpe inesperado nos juros, tratou de arrumar um discurso também. Eles nunca se dão por vencidos e, mesmo afundando na lava do vulcão, querem mostrar que estão com a razão. A oposição, representada por figuras como o senador José Agripino (antigo PFL-RN), estava indignada com o que ela definia como ingerência no Banco Central. Sem discutir o mérito do efeito que o corte de juros traria ao país (para o bem ou para o mal), buscaram criar uma crise ao afirmarem que o BC só baixou os juros após sofrer pressão do governo. Fato de pronto desmentido por ambos os lados, mas que sobrevive em uma oposição que está sem rumo, quer seja no Congresso, quer seja na TV e nas páginas dos jornais.

Como nunca se dá por vencido, o PiG novamente busca apagar o fogo da crise econômica mundial usando galões de gasolina. Eles não se emendam e, mesmo quebrando a cara com as previsões catastróficas que fizeram em 2008 – e que não se concretizaram quando eclodiu o descontrole do mercado de hipotecas nos EUA -, seguem ávidos pelo caos na economia brasileira para terem o que dizer contra o governo. O que deve deixar a todos aliviados é que a história se repete nos mesmos moldes de três anos atrás, com imprensa prevendo o fim do mundo, e as notícias do Planalto garantindo que o país está preparado, embora reconheça a complexidade do momento.

Fora do campo econômico onde se apoia em palpiteiros formados em economia, ou não, a bola da vez é o Complexo do Alemão no Rio de Janeiro. Os conflitos entre remanescentes do crime e militares do Exército suscitou algo inusitado. Ao acompanhar o noticiário, a impressão que se tem é a de que na imprensa existem muitos que querem o tráfico de volta ao comando daquele conjunto de favelas. Ora, é evidente que ainda haja alguns traficantes infiltrados entre os moradores e que muitos destes, por sua vez, preferem a presença do tráfico enquanto não conseguem ocupação no mercado de trabalho. É uma questão de sobrevivência. Mas a abordagem da mídia faz com que iniciativa bem sucedida da implantação das UPP’s seja colocada em xeque porque alguns moradores não gostam de ser revistados.

No Brasil é isso: a imprensa golpista não pensa duas vezes quando seus interesses estão em jogo e muda de postura ao sabor dos ventos. Governos já foram derrubados por essa ação sorrateira e é bom que o atual fique atento a essas manobras. Infelizmente para o PiG, o cidadão da classe média avalia sua condição de vida ao pensar em governantes. Ou seja, como é inegável que a situação dos brasileiros melhorou e muito nos últimos anos, a tarefa da imprensa será difícil. Mas nunca é bom se descuidar com essa gente.

*Orozimbo Souza Júnior é jornalista, especialista em comunicação política

Fonte: Vermelho


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