O povo é capaz de opinar sobre a reforma política
Aldo
Arantes*
As
mobilizações populares em curso trouxeram à tona reivindicações
relacionadas à educação, saúde, mobilidade urbana e luta contra a
corrupção. Tais reivindicações indicam que, o êxito das
políticas públicas adotadas pelos governos Lula e Dilma de melhoria
das condições de vida do nosso povo, colocaram novos problemas que
exigem respostas através do aprofundamento das mudanças através de
reformas estruturais.
Dentre
elas, a Reforma Urbana com destaque para as reivindicações
suscitadas nas ruas.
Uma
das importantes reivindicações da sociedade diz respeito à
corrupção, sobretudo a corrupção eleitoral. A Lei da Ficha Limpa
trouxe expressiva contribuição ao adotar medidas de combate à
corrupção eleitoral. Com isto enfrentou suas consequências. Agora
temos que enfrentar suas causas. E a causa principal está no
financiamento privado de campanha. Por isto, emergiu nos últimos
dias, a defesa de uma Reforma Política, mãe de todas as reformas.
Para
“ouvir a voz das ruas”, a Presidenta Dilma propôs a realização
de um plebiscito para que o povo se manifeste sobre as questões
centrais de uma Reforma Política. A continuidade ou não do
financiamento privado de campanha. E a continuidade ou não do
sistema proporcional com lista aberta ou fechada, ou a adoção do
sistema majoritário, distrital puro ou misto.
Todavia,
a grande mídia e a oposição que até agora falavam em “ouvir as
ruas” agora se manifestam contra o plebiscito sob a alegação de
que o povo não está preparado para opinar sobre o sistema
eleitoral.
O
Estado de S. Paulo do dia 27 afirma em editorial que o
plebiscito é um “rematado absurdo: plebiscitos são formas de
democracia direta aplicáveis a decisões do tipo binário, como a
consulta de 1993 sobre presidencialismo ou parlamentarismo, além de
quaisquer questões suscetíveis de resposta sim ou não”. E,
revelando claramente a desconfiança do povo em opinar sobre questões
políticas estruturantes arremata confessando que “isso não é
“elitismo”. É o reconhecimento dos limites ao pronunciamento
popular” concluindo que o congresso pode fazer a Reforma Política
“e submeter o resultado a um referendo”. E o senador Aécio
Neves, afirma que “o plebiscito é uma resposta improvisada pela
Presidenta Dilma para tratar de temas tão complexos, de
responsabilidade do Congresso Nacional”. Ou seja, para a grande
mídia e a oposição, o povo deve denunciar a corrupção, mas não
tem condições de opinar sobre medidas efetivas para superá-la e
para criar um sistema eleitoral que amplie a participação popular
nas instâncias de poder.
A
convocação do plebiscito, antecedido do programa eleitoral gratuito
em que as diversas opiniões possam se manifestar democraticamente é
o caminho para avançar na solução dos problemas estruturais do
País.
Plebiscito
sim!
Por uma Reforma Política Democrática!
Não ao
financiamento de campanha por empresas!
Sim a um sistema eleitoral
que permita um debate sobre os rumos do País e não o atual sistema
eleitoral onde prevalece o poder do dinheiro e os interesses
individuais ou de grupos!
*Aldo
Arantes é secretário nacional de Meio Ambiente do PCdoB e
diretor-presidente do Instituto Nacional de Pesquisas e Defesa do
Meio Ambiente (INMA)
Fonte: Renato Rabelo
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