quinta-feira, 31 de março de 2011

Golpe de 1964: Quem tem medo da verdade?

Nilmário Miranda*

Eu não tinha 17 anos quando veio o golpe, destruindo meus sonhos das grandes reformas de base. Morava na então pequena Teófilo Otoni (MG). Os ferroviários da lendária Estação de Ferro Bahia-Minas cruzaram os braços. Foi o único e solitário protesto (no ano seguinte a EFBM foi extinta). 

Em poucos dias nada menos que 74 pessoas foram presas pelos “revolucionários” e levados ao QG dos golpistas em Governador Valadares. Ferrovias, comerciários, bancários, estudantes, militantes da Igreja, do Partidão, do PTB, pequenos comerciantes – dentre eles meu pai, uma pessoa pacata, educada, incapaz de fazer mal a ninguém, uma alma gentil.

Chocou-me também a prisão de Dr. Petrônio Mendes de Souza, ex-prefeito, médico dos pobres, figura hierática. Lá pelos dias encontrei-me com o filho do ferroviário Nestor Medina, carismático, inteligente, autodidata, homem de grande dignidade. Desde aquela noite fiz juras de por todos os dias enquanto durasse, combateria a ditadura, o que realmente aconteceu.

No ano seguinte mudei para Belo Horizonte para estudar e participar da resistência. 1968 foi o ano do crescimento da oposição à ditadura. A Marcha dos Cem Mil no Rio; as duas greves (Contagem e Osasco) desafiando a rigorosa legislação anti operária; a fermentação no meio cultural; a Frente Ampla que uniu o impensável (a UDN de Carlos Lacerda, o PSD de JK, o PTB de Jango); as primeiras ações da resistência armada. A recusa da Câmara de conceder a licença para processar Márcio Moreira Alves foi um pretexto para a edição do AI-5 em 13 de dezembro, instituindo o Terror de Estado.

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terça-feira, 29 de março de 2011

Zé Alencar, a dignidade venceu o preconceito

Em meados de 2002, quando o preconceito contra o candidato Lula e o ódio a seu partido, o PT, eram inoculados dioturnamente na opinião pública pelas trombetas da orquestra midiático-tucana, um empresário rico, bem-sucedido, aceitou transformar-se em antídoto ao veneno difamatório. Tornou-se vice na chapa do operário metalúrgico.

Filho de Muriaé, (MG), dono do maior complexo têxtil do país, a Coteminas, o então senador José Alencar, o Zé, como Lula passou a chamá-lo carinhosamente, sabia muito bem o que estava fazendo. A voz grave e pausada de quem conhece o manejo criterioso da pontuação oral tornou-se aos poucos portadora de mensagens que muitos de seus pares, majoritariamente engajados então na candidatura de José Serra, estremeciam só de ouvir.

"Nacionalismo não é xenofobia, é interesse pelo próprio  país", disparava em entrevista ao site da campanha Lula Presidente, em setembro de 2001. 'Podemos abdicar de nossas fronteiras econômicas?, questionava na mesma ocasião indagando sobre a ALCA, agenda prestigiosa então, majoritariamente defendida pelo conservadorismo pró-Serra. "Mas e as fronteiras políticas?" argüia mineiramente "Vamos ter um só Presidente da República no mundo globalizado? Será que ele vai defender nossos interesses? Uma só moeda? Quem vai controlá-la? Uma só política monetária? Sabemos que não é assim", respondia então com o mesmo sorriso maroto que arrematava as interrogações provocativas. "Se não é assim continuamos a existir como país. Não podemos abdicar de nossas fronteiras e obrigações políticas".

Por essas e por outras, Lula, na passagem para o segundo turno em outubro de 2002, num debate com delegações estrangeiras, brincou: " Às vezes eu preciso lembrar o Zé que é para ele ficar a minha direita, não a minha esquerda".

José Alencar faleceu hoje em São Paulo, aos 79 anos de idade.

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sexta-feira, 25 de março de 2011

89 anos a serviço da democracia, dos trabalhadores e do Socialismo!

Renato Rabelo*

O ambiente era o Salão Nobre da Câmara dos Deputados, em Brasília. O evento, o aniversário dos 89 anos do mais antigo partido político em funcionamento contínuo no país: o Partido Comunista do Brasil. 

Que, ao mesmo tempo, se apresenta como o mais jovem, pela composição social de suas fileiras e pelas ideias que defende. De fato, nesta oportunidade, desencadeamos os preparativos para a comemoração com data redonda, como se diz, dos 90 anos de trajetória política do nosso Parido, o PCdoB. Várias lideranças políticas e do movimento social lá estiveram presentes e se pronunciaram homenageando o Partido. 

Aproveitamos a data, também, para lançar uma edição da série “Perfis Parlamentares” com a compilação de discursos e intervenções de João Amazonas, durante a Constituinte de 194 6. Na ocasião, fiz o seguinte pronunciamento:
“Quase todos os anos comemoramos o aniversário do Partido neste espaço cedido pela Câmara dos Deputados: o Salão Nobre. Mas a cada ano, a comemoração da existência do PCdoB reflete e expressa a atualidade do curso político que atravessamos, a situação em evolução no Brasil e no mundo. 

Neste ano de 2011 -- em que saudamos os 89 anos de luta do PCdoB – atuamos sob as condições da terceira vitória das forças democráticas, progressistas, populares e de esquerda em nosso país. Esta vitória consagra um feito histórico: a primeira mulher eleita para a presidência da República. Trata-se da continuidade possível da construção de um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, voltado para a consolidação da soberania nacional, para a erradicação da miséria, para a ampliação da democracia e dos direitos dos trabalhadores.

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O Partido que joga para o Brasil vencer!

Programa nacional de televisão do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) exibido em 24 de março de 2011.



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quarta-feira, 16 de março de 2011

Os 128 anos da morte de Marx

No dia 14 de março de 1883, em Londres, morreu Karl Marx, aos 64 anos. Economista, historiador, sociólogo, filósofo e jornalista, Marx é um destes autores que não podem ser enquadrados em apenas uma área do conhecimento humano. O autor de "O Capital" apresentou ao mundo um estudo aprofundado sobre as origens e a lógica de desenvolvimento do capitalismo. Autor fundador da esquerda moderna, Marx já foi condenado ao esquecimento algumas vezes, mas as repetidas crises do capitalismo sempre renovam o interesse por sua obra. 

Neste dia, lembramos sua obra e seu legado publicando o discurso proferido por seu companheiro de reflexão e de militância Friedrich Engels, durante o funeral de Marx (publicado pelo Diário da Liberdade e pelo Portal Luta de Classes, a partir de texto do Arquivo Marxista na Internet):


Discurso de Friedrich Engels no funeral de Karl Marx 

Friedrich Engels

Em 14 de março, quando faltam 15 minutos para as 3 horas da tarde, deixou de pensar o maior pensador do presente. Ficou sozinho por escassos dois minutos, e sucedeu de encontramos ele em sua poltrona dormindo serenamente — dessa vez para sempre.

O que o proletariado militante da Europa e da América, o que a ciência histórica perdeu com a perda desse homem é impossível avaliar. Logo evidenciará-se a lacuna que a morte desse formidável espírito abriu.

Assim como Darwin em relação a lei do desenvolvimento dos organismos naturais, descobriu Marx a lei do desenvolvimento da História humana: o simples fato, escondido sobre crescente manto ideológico, de que os homens reclamam antes de tudo comida, bebida, moradia e vestuário, antes de poderem praticar a política, ciência, arte, religião, etc.; que portanto a produção imediata de víveres e com isso o correspondente estágio econômico de um povo ou de uma época constitui o fundamento a parir do qual as instituições políticas, as instituições jurídicas, a arte e mesmo as noções religiosas do povo em questão se desenvolve, na ordem em elas devem ser explicadas – e não ao contrário como nós até então fazíamos.

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sábado, 12 de março de 2011

Brasil no rumo do retrocesso

Messias Pontes*

Duas notícias divulgadas na última semana encheram os brasileiros de orgulho: já somos a sétima economia do planeta, tendo crescido 7,5% em 2010, e o Brasil é o país com maior crescimento de popularidade no mundo. Tudo isso fruto da política adotada pelo governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em especial no segundo governo (2007/2010). Fomos o último a entrar na grave crise mundial do capitalismo, com epicentro nos Estados Unidos, e o primeiro a dela sair. “Uma marolinha”, como disse Lula.

O País gerou 15 milhões de empregos formais – com carteira assinada -, sendo mais de dois milhões no ano passado. O governo Lula da Silva trilhou por um caminho que tornou o Brasil um país respeitado em todo mundo, deixando de ser coadjuvante para ser protagonista no concerto das nações, e isto fez o brasileiro perder o complexo de vira latas. A auto estima nunca esteve tão alta.

Para dar continuidade e avançar mais ainda é o a maioria dos brasileiros optou por eleger a ex-ministra Dilma Rousseff sucessora do presidente Lula. Contudo, até o momento o que se viu foi uma perigosa mudança de rumos. Para ser agradável ao deus mercado, o governo Dilma decidiu cortar R$ 50 bilhões do orçamento de 2011, e o Banco Central, também para agradar os rentistas, aumentou duas vezes a taxa básica de juros, chegando a 11,75%, a mais alta do mundo. Só com esses dois aumentos na taxa Selic, os rentistas abocanharam R$ 18 bilhões, dinheiro que daria para garantir um aumento real no salário mínimo.

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quarta-feira, 9 de março de 2011

Michael Moore: "Fomos vítimas de um golpe de Estado financeiro"

Os Estados Unidos não estão falidos

Ao contrário do que diz o poder, que quer que vocês desistam das pensões e aposentadorias, que aceitem salários de fome, e voltem para casa em nome do futuro dos netos de vocês, os EUA não estão falidos. Longe disso. Os EUA nadam em dinheiro. O problema é que o dinheiro não chega até vocês, porque foi transferido, no maior assalto da história, dos trabalhadores e consumidores, para os bancos e carteiras dos hiper mega super ricos.

Hoje, 400 norte-americanos têm a mesma quantidade de dinheiro que metade da população dos EUA, somando-se o dinheiro de todos.

Vou repetir. 400 norte-americanos obscenamente ricos, a maior parte dos quais foram beneficiados no ‘resgate’ de 2008, pago aos bancos, com muitos trilhões de dólares dos contribuintes, têm hoje a mesma quantidade de dinheiro, ações e propriedades que tudo que 155 milhões de norte-americanos conseguiram juntar ao longo da vida, tudo somado. Se dissermos que fomos vítimas de um golpe de estado financeiro, não estamos apenas certos, mas, além disso, também sabemos, no fundo do coração, que estamos certos.

Mas não é fácil dizer isso, e sei por quê. Para nós, admitir que deixamos um pequeno grupo roubar praticamente toda a riqueza que faz andar nossa economia, é o mesmo que admitir que aceitamos, humilhados, a ideia de que, de fato, entregamos sem luta a nossa preciosa democracia à elite endinheirada. Wall Street, os bancos, os 500 da revista Fortune governam hoje essa República – e, até o mês passado, todos nós, o resto, os milhões de norte-americanos, nos sentíamos impotentes, sem saber o que fazer.

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quinta-feira, 3 de março de 2011

Novo aumento de juros é tapa na cara dos trabalhadores

A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) entende que o novo aumento da taxa de juros no Brasil, anunciado nesta quarta-feira (2) pelo Banco Central, significa um verdadeiro “tapa na cara” da classe trabalhadora do país. 

A taxa básica de juros determinada pelo Banco é o valor de referência para os títulos da dívida emitidos pelo país, determinando os juros cobrados em financiamentos, empréstimos, etc. Com a ampliação em 0.5 ponto percentual, a Selic passou de 11,25% para 11,75% ao ano. 

“É inadmissível. Não foi para esse tipo de política que o povo elegeu Dilma Rousseff para a Presidência. Não foi para isso que tanto pressionamos pela saída do ex-presidente Henrique Meirelles do Banco Central. A confirmação de novo aumento soa como um tapa na cara dos trabalhadores e de todos aqueles que realmente fazem com que a economia do país se movimente”, afirmou Wagner Gomes, presidente da CTB.

Leia abaixo a nota da CTB a respeito do novo aumento da Selic:

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A unidade das Centrais Sindicais e a contribuição sindical

Nota da CTB

As centrais sindicais signatárias desta nota reafirmam a importância da Unidade de Ação como instrumento de fortalecimento da luta da classe trabalhadora.

Esta Unidade de Ação tem sido exitosa com importantes resultados em prol dos trabalhadores. Como exemplos podemos  citar: as Marchas à Brasília que garantiram aumentos reais e regras para o salário mínimo, as vitoriosas campanhas salariais unificadas e a Conferência da Classe Trabalhadora no Pacaembu com a presença de mais de 30 mil sindicalistas que deliberou propostas para o desenvolvimento do País.

Neste importante momento histórico para a classe trabalhadora, introduzir no debate o fim da contribuição sindical é uma forma de causar cizânia e um instrumento que visa enfraquecer as entidades sindicais e romper abruptamente o processo de unidade das Centrais Sindicais.

Entendemos que reduzir a questão do financiamento sindical à demanda pelo fim da Contribuição Sindical não colabora com a construção de uma alternativa democrática ao atual modelo.

Conclamamos as entidades sindicais a reunir todos os esforços para manter a Unidade de Ação como grande instrumento de conquista para a classe trabalhadora.

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