terça-feira, 27 de janeiro de 2009

OS RICOS QUE PAGUEM A CONTA

Jefferson Tramontini

Como acontece de tempos em tempos, vivemos mais uma crise do capitalismo. No entanto, diferente das diversas crises acontecidas durante os anos 1990, auge do neoliberalismo, que varreram diversas das economias periféricas, a crise atual originou-se no centro do sistema, destacadamente na maior potência imperialista, os Estados Unidos da América, e é justamente provocada pela quase plena desregulamentação e financeirização do capital.

A liberalização, que descolou o capital financeiro da produção real ao longo dos últimos 30 anos chegou a um estágio insuportável. Os chamados derivativos, o capital fictício que circula pelo mundo, soma mais de 10 vezes o valor da economia real. Cedo ou tarde a bomba relógio estouraria.

O estopim foi a inadimplência nos financiamentos de segunda linha (subprime) no mercado imobiliário dos EUA. A falta de pagamento na ponta, provocada por estagnação da renda e juros elevados, fez com que toda a pirâmide desmoronasse. Os bancos, fortemente alavancados, passaram a uma falta de liquidez, impedindo o pagamento aos fundos de investimentos e assim sucessivamente. Como toda a cadeia é artificial, não havendo de fato nem o dinheiro nem as garantias, as instituições financeiras passaram a ter dificuldades de liquidez e o efeito imediato foi a escassez de crédito em todas as áreas, afetando a produção real e os empregos.

Como os ditos investimentos circulam facilmente o planeta, especialmente EUA e União Européia, rapidamente a crise se espalhou pelo mundo. Afetando as economias centrais, também a periferia, dependente, foi afetada.

Apesar do marco de início dessa crise ter se dado no mercado imobiliário dos EUA, ela realmente começou antes. A escalada dos preços das commodities, como petróleo e grãos, no período de 2007 e 2008 foi parte desse processo. A fuga dos capitais especulativos para investimentos mais seguros, especialmente nos mercados futuros, triplicaram o preço do barril de petróleo e elevaram em grande escala os preços dos alimentos, remunerando muito bem os especuladores, mas espalhando a fome a milhões em todo o globo.

A saída para a crise de liquidez foi, sem novidades, recorrer ao erário público. Dinheiro público, dos impostos pagos pelas populações dos diversos países, em especial trabalhadores, desviados para o caixa de grandes corporações que apostaram no cassino do mercado financeiro desregulamentado e perderam. Mais de 5 trilhões de dólares já foram injetados pelos vários governos no mercado e a crise internacional ainda não foi debelada.

Na atual fase dessa que é tida como a maior crise capitalista desde a grande depressão de 1929, os proprietários do capital, real e fictício, procuram alguém para pagar a conta da crise que eles mesmos provocaram. Como nas crises anteriores, o alvo preferencial são os trabalhadores.

Apenas nos EUA, desde dezembro de 2007, mais de 2,5 milhões de empregos foram pulverizados. Em apenas um dia, em 26 de janeiro de 2009, grandes corporações da Europa, EUA e Japão cortaram mais de 79 mil empregos. Uma dessas mega-empresas, o laboratório farmacêutico Pfizer, demitiu mais de 8 mil trabalhadores no mesmo dia em que se tornou a maior empresa do mundo no setor ao adquirir a Wyeth por 68 bilhões de dólares.

No Brasil, em que pese as melhores condições que o país possui para enfrentar as dificuldades, a crise também já afeta gravemente os empregos. A estimativa do Ministério do Trabalho é de que 650 mil empregos formais tenham sido perdidos até agora.

No entanto, diferente dos países centrais, o Brasil, mesmo sofrendo os efeitos da crise, continua crescendo sua economia. Mesmo assim diversas empresas têm recebido dinheiro público para manter suas contas equilibradas e, mesmo assim, têm aumentado as demissões em escala.

Os proprietários das grandes corporações em todo o mundo, e no Brasil isso tem ficado muito claro, tentam jogar a conta da crise nas costas dos trabalhadores. As transnacionais aumentam as remessas de lucro para suas matrizes, facilitadas pela vista grossa dos órgãos que deveriam fiscalizá-las, em especial o Banco Central. O lobby patronal pela flexibilização dos direitos trabalhistas também é intenso e conta com o decidido apoio das corporações midiáticas.

Propostas indecentes como redução de salários, o aumento do prazo de suspensão dos contratos de trabalho, entre outras, têm sido apresentadas pelos ricos grandes empresários como a única saída para a crise, a única forma de evitar a bancarrota nacional. Falam em sacrifícios, mas não abrem mão de seus gordos dividendos nem das altíssimas remunerações de seus executivos.

Empresas anunciam demissões alegando dificuldades financeiras e ao mesmo tempo suas ações sobem nas roletas das bolsas de valores. Os patrões tentam aproveitar a crise para aumentar a taxa de exploração sobre os trabalhadores.

O governo Lula, eleito pela força dos trabalhadores brasileiros, tem tomado medidas para estimular a economia nacional, mas essas ainda se mostram insuficientes, inclusive pela não exigência de contrapartidas das empresas, especialmente no tocante à manutenção dos empregos.

A economia brasileira tem crescido nos últimos anos devido ao aumento do investimento público, ao fortalecimento do mercado interno, aos aumentos dos salários e, principalmente, pelo aumento do número de empregos. A solução para a crise, destacadamente nos países periféricos como o Brasil, nem de longe passa pelas demissões. Ao contrário, o aumento dos empregos e da massa salarial, permitindo o consumo de milhões de famílias de trabalhadores é a real possibilidade de crescimento e proteção da economia brasileira dos efeitos da crise internacional.

Nessa conjuntura, a unidade do movimento sindical se faz urgente. Alguns passos já foram dados nesse sentido, como as paralisações de empresas que demitem e as manifestações unitárias pela redução das taxas de juros, que forçaram o Banco Central a reduzir a Selic em 1pp.

Porém, muito ainda há de se fazer para que os trabalhadores possam superar a crise e derrotar a sede de lucro dos patrões. Para isso é necessário superar os exclusivismos, abandonar vaidades e adesismos, avançando unificadamente para lutas mais vigorosas e de massa.

Os trabalhadores devem jogar o peso da crise sobre as costas dos verdadeiros responsáveis por ela.

Jefferson Tramontini é secretário sindical do PCdoB/PR, secretário de comunicação da CTB/PR e dirigente do Sindicato dos Bancários de Curitiba

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CENTRAIS LANÇAM PACTO DA AÇÃO SINDICAL

As centrais anunciaram um Pacto da Ação Sindical para enfrentar os efeitos da crise econômica – sobretudo a risco de desemprego em massa. O documento contém nove propostas e foi aprovado nesta quinta-feira (15), em reunião na sede nacional da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), em São Paulo.

Em outra demonstração de unidade, a Força Sindical atendeu à solicitação das centrais e suspendeu, por dez dias, as negociações com a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Diferentemente do que noticioiu a maioria dos jornalistas presentes à reunião, apenas Força e CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil) haviam iniciado conversas do gênero com o empresariado.

O Pacto da Ação Sindical será encaminhado agora aos governos federal e estaduais, em audiências com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, e os governadores. O documento foi discutido por 35 lideranças de cinco centrais — CTB, Força Sindical, UGT (União Geral dos Trabalhadores), NCST (Nova Central Sindical dos Trabalhadores) e CGTB. A CUT não enviou representantes, mas garantiu sua assinatura no pacto, segundo o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.

As ações

Além de defenderem, mais uma vez, a redução da jornada de trabalho, as centrais cobram mais compromissos dos governos. Exigem, por exemplo, que empresas e setores econômicos beneficiados com recursos públicos apresentem contrapartidas sociais, como a garantia de emprego. Só nesta semana, a General Motors (GM) — uma das montadoras mais contempladas com incentivos do governo — demitiu 744 trabalhadores de sua fábrica em São José dos Campos.

As centrais também irão às ruas para exigir uma redução de no mínimo dois pontos percentuais da taxa básica dos juros (Selic), que atualmente está em 13,75%. Na próxima quarta-feira (21) — data em que o Copom (Comitê de Política Monetária) anuncia a nova taxa —, os trabalhadores farão protestos em frente à sede do Banco Central, na Avenida Paulista, em São Paulo.

“Para evitar as conseqüências da crise, temos de combater suas causas, como os juros. Se a taxa Selic cair apenas 0,75 ponto percentual — como estão falando —, isso vai influenciar muito pouco”, afirmou ao Vermelho o presidente da CTB, Wagner Gomes, que mediou a reunião. “O governo precisa acenar mais para a sociedade.”

O Pacto da Ação Sindical ainda inclui, entre outras propostas, o fim das horas extras, a eliminação do banco de horas e a ampliação do número de parcelas do seguro-desemprego. “O principal saldo da reunião foi a grande unidade das centrais em torno dessas medidas”, agregou Wagner. “As centrais já estavam unidas e firmes na 5ª Marcha da Classe Trabalhadora, em 3 de dezembro, quando a crise ainda era a tal ‘marolinha’. Agora, com as 600 mil demissões do último mês, as centrais precisam caminhar ainda mais juntas.”

Leia abaixo a íntegra do Pacto da Ação Sindical

São Paulo, 15 de Janeiro de 2009

Reunidas em São Paulo-SP, após ampla discussão as centrais sindicais (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil – CGTB, Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB, Força Sindical – FS, Nova Central Sindical de Trabalhadores – NCST e União Geral dos Trabalhadores – UGT), decidiram reafirmar a importância da unidade dos trabalhadores e enfrentar o impacto da crise financeira mundial que está afetando drasticamente o emprego e o crescimento da economia brasileira, adotando o Pacto da Ação Sindical

Consiste na defesa das seguintes propostas:

1. Exigência de contrapartidas sociais , especialmente a garantia dos empregos, de todas as empresas/setores econômicos, beneficiados com recursos públicos (empréstimo, isenção fiscal, etc.)

2. Fim das horas extras.

3. Eliminação do banco de horas.

4. Redução imediata, de pelo menos dois pontos percentuais da taxa básica de juros (Selic).

5. Redução substancial do "spread" bancário dos bancos públicos e privados.

6. Ampliação das parcelas do seguro desemprego.

7. Ampliação dos aportes financeiros do fundo de amparo ao trabalhador, destinados à qualificação da mão de obra.

8. Autorização para que o trabalhadaor possa utilizar até 20% (vinte por cento) da sua conta do FGTS no Fundo de Infraestrutura (FI-FGTS).

9. Manifestação no próximo dia 21/01, em frente ao Banco Central, em São Paulo, pela redução da taxa de juros.

As centrais decidiram levar em audiências ao Excelentíssimo Senhor Presidente da República, ao Excelentíssimo Senhor Ministro de Estado do Trabalho e Emprego e Governadores Estaduais, as propostas do Pacto da Ação Sindical, a fim de adotarem medidas governamentais, imediatas e firmes, pela manutenção dos empregos.

Fonte: Portal CTB

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GOVERNADORES RECEBEM SINDICALISTAS

Nessa terça-feira (27/01) as centrais sindicais se reuniram com dois importantes governos estaduais buscando formas de resistir a crise financeira internacional.

Os governadores Roberto Requião, do Paraná e Jacques Wagner, da Bahia, receberam os representantes das entidades de trabalhadores e já apontaram algumas medidas, especialmente para garantir os empregos.

A unidade das centrais sindicais e o engajamento de governos que possuem compromisso com os trabalhadores são elementos cruciais para superar a crise atual, que põe a faca no pescoço de milhões que vivem de seu próprio trabalho.

Leia as matérias completas:

NO PARANÁ, ROBERTO REQUIÃO RECEBE SINDICALISTAS E PROPÕE COMITÊ EM DEFESA DO TRABALHO PARA COMBATER A CRISE

JACQUES WAGNER RECEBE CENTRAIS SINDICAIS EM SALVADOR

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UNIDADE NA LUTA EM DEFESA DO EMPREGO E DOS DIREITOS SOCIAIS

O mundo atravessa neste momento uma das mais graves crises econômicas da história do sistema capitalista mundial. Embora não tenha nenhuma responsabilidade pela crise, a classe trabalhadora transformou-se na sua principal vítima. É duramente castigada com as demissões em massa promovidas pelo patronato e este também tira proveito das dificuldades para intensificar as pressões pela flexibilização e redução de direitos e salários. Com isto, os capitalistas procuram transferir para os trabalhadores e trabalhadoras todo o ônus da recessão.

Não é justo que a classe trabalhadora pague por uma crise que não provocou e que deriva da ganância e da especulação desenfreada do capital, particularmente no jogo irracional das finanças desregulamentadas. É preciso reagir com energia, unificar as centrais, paralisar as empresas que demitirem em massa, realizar manifestações de massa (como a que está ocorrendo hoje) e ampliar a mobilização - envolvendo parlamentares, governantes, partidos políticos, entidades da sociedade civil (OAB, CNBB, ABI) e dos movimentos sociais na luta em defesa do emprego e dos direitos.

A CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) conclama à mais ampla unidade do povo trabalhador e afirma sua convicção de que a saída definitiva para a crise da sociedade capitalista é o socialismo, que pressupõe novas relações sociais de produção, o controle social sobre a distribuição da riqueza produzida e o mercado de trabalho, a redução do poder atribuído ao mercado e à iniciativa privada e maior intervenção do Estado na economia.

Contra as demissões e as propostas patronais de redução de salários e de direitos, a CTB levanta as seguintes bandeiras:

Redução da jornada sem redução de salários

Fim das demissões sem justa causa e ratificação da Convenção 158 da OIT

Fim das horas extras

Eliminação do banco de horas

Contrapartidas sociais, especialmente estabilidade no emprego, aos benefícios fiscais e creditícios que os governos concederem às empresas

Mudança da política econômica: controle do câmbio e do fluxo de capitais, taxação das remessas de lucros

Redução significativa das taxas de juros e do spread bancário

Fim do superávit primário

Unidade das centrais sindicais

Que os ricos paguem a crise

Fonte: Portal CTB

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TRABALHADORES E PATRÕES CONTRA A CRISE

Com ataques dirigidos à elevadíssima taxa básica de juros (Selic) adotada no Brasil, foi laçado nesta segunda-feira um Manifesto contra a Crise, assinado por “centrais, federações e sindicatos de trabalhadores e as federações de sindicatos empresariais”. As entidades cobram a redução da Selic dos atuais 12,75% para “um patamar de 8% ao ano”, além de um intervalo menor entre as definições das taxas “enquanto perdurar a crise”.

O texto contém a assinatura de todas as centrais sindicais legalizadas no Brasil, com exceção da CUT, que mais uma vez procura um caminho alternativo e isolado. Em contrapartida, os presidentes das federações paulistas da Agricultura, do Comércio e das Indústrias aderiram à carta.

Confira abaixo a íntegra do texto.

MANIFESTO CONTRA A CRISE

Na Seqüência dos entendimentos que as Centrais, Federações e Sindicatos de trabalhadores e as Federações de sindicatos empresariais, têm promovido desde o ano passado no sentido de analisar a crise Internacional e os seus efeitos negativos no Brasil — sempre objetivando oferecer sugestões capazes de manter o nível de emprego no País —, as entidades que assinam este documento estabelecem um histórico entendimento com foco em quatro pontos principais:

– Que seja acelerada a queda na taxa básica de juros (Selic), alcançando, o quanto antes, um patamar de 8% ao ano, (aproximadamente 3% de juros reais);

– Que as reuniões do Copom, do Banco Central (BC), destinadas a debater e determinar a Selic, sejam a cada 15 dias – enquanto perdurar a crise;

– Que sejam reduzidos drasticamente os spreads bancários, em especial os dos bancos estatais que, hoje, estão entre os mais altos praticados no País; e

– Que seja ampliado o número de integrantes do Conselho Monetário Nacional (CMN), de três para sete membros, abrindo o órgão à participação de outras áreas do Governo, da área acadêmica e das forças produtivas.

A sociedade brasileira espera do Governo medidas práticas e imediatas para combater a crise, evitando a ampliação de suas conseqüências sobre o nosso país. Precisamos impedir o desemprego e defender o futuro do Brasil.

São Paulo, Capital, 26 de janeiro de 2009.

Central Geral dos Trabalhadores do Brasil – CGTB

Antonio Fernandes dos Santos Neto – Presidente

Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB

Wagner Gomes – Presidente

Federação da Agricultura do Estado de São Paulo – FAESP

Fabio Meirelles – Presidente

Federação do Comércio do Estado de São Paulo – Fecomercio

Abram Szajman – Presidente

Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP

Paulo Skaf – Presidente

Força Sindical

Paulo Pereira da Silva (Paulinho) – Presidente

Nova Central Sindical de Trabalhadores

José Calixto – Presidente

União Geral dos Trabalhadores

Ricardo Patah - Presidente

Fonte: Vermelho

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EM REFERENDO, 85% DOS BOLIVIANOS APROVAM A NOVA CONSTITUIÇÃO

Cerca de 85% dos bolivianos aptos a votar compareceram às urnas neste domingo (25) para decidir se aprovavam ou não o novos projeto de Constituição alardeado pelo presidente, Evo Morales. O governo e as pesquisas de boca-de-urna apontam a vitória da aprovação, apesar de os resultados preliminares divulgados pela CNE (Corte Nacional Eleitoral) indicarem vitória da recusa --com 15,67% das urnas apuradas, o "não" tinha 54,37% e o "sim", 45,63%.

O projeto de Constituição de Morales dá mais poder ao Estado; dá base à nacionalização de recursos; e permite a reeleição do presidente. O novo texto constitucional boliviano ainda dá aos indígenas a maioria no Congresso e reconhece as tradições e idiomas deles, que são 47% dos 10 milhões de bolivianos.

"Agora, os excluídos e marginalizados terão os mesmos direitos de todos", disse Morales neste domingo. Ele é o primeiro presidente indígena do país.

Os bolivianos, ainda conforme pesquisas de boca-de-urna, ainda aprovaram, por maioria, a imposição de um limite de 5.000 hectares a proprietários de terra.

Implantação

O processo de implantação da nova Constituição, caso a aprovação seja confirmada, ainda não está claro. Conforme Morales, será preciso, primeiro, que o Congresso aprove cerca de cem leis nos próximos anos para implementar mudanças como a criação de votação popular para eleição de juízes da Suprema Corte.

Para obter a aprovação das leis, Morales terá de trabalhar com seus opositores, inclusive da "meia-lua". Se o plano falhar, ele já disse que irá forçar as medidas por meio de decretos.

Uma "nova Bolívia"

Com a nova Constituição aprovada, o presidente Evo afirma que "começa uma nova Bolívia, um novo estado-nação para chegar à igualdade de todos os bolivianos e bolivianas".

"Os neoliberais, os vende-pátria, estão sendo derrotados permanentemente", afirmou Evo, falando para milhares de militantes reunidos em frente ao palácio do governo em La Paz.

O presidente também celebrou o fim do "latifúndio" e dos "grandes proprietários de terra", lembrando a aprovação da proposta, contida na nova Constituição, de limitar para 5 mil hectares as dimensões das propriedades.

O presidente, no entanto, afirmou que o desafio do governo agora será "aplicar" a nova carta constitucional e agradeceu o apoio dos movimentos sociais e da Central Operária Boliviana no processo.

Evo indicou que será preciso "mais comunicação" com governadores e prefeitos, a quem fez um apelo para que formem um "conselho de autonomias" para ajudar a implementar a nova Constituição.

O presidente boliviano ressaltou a importância da aprovação do referendo para o "campesinato indígena", que foi a população "mais excluída" na história do país. "Com o apoio do povo, seguiremos aprofundando as transformações estruturais e sociais para o bem de todos os bolivianos", disse.

O presidente agradeceu especialmente o apoio dos Estados de La Paz, Oruro, Potosí e Cochabamba, onde, segundo a pesquisa de boca-de-urna, a vitória do governo foi determinante para garantir a aprovação do referendo.

Fonte: Portal CTB

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OS 25 ANOS DO MST E O ÓDIO DA FOLHA

Altamiro Borges

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) comemora nesta semana os seus 25 anos de existência. Lideranças políticas, artistas e intelectuais de renome já saudaram a data como um feito histórico, destacando a militância aguerrida do movimento, sua organicidade, seu papel pedagógico e civilizador e sua importante contribuição à luta por mudanças no país e na América Latina. O escritor uruguaio Eduardo Galeano, por exemplo, enviou uma nota singela e carinhosa: “Eu suplico aos deuses e aos demônios que protejam o MST e a toda sua linda gente que comete a loucura de querer trabalhar, neste mundo onde o trabalho merece castigo”.

O presidente do PCdoB, Renato Rabelo, destacou o papel do MST na luta pela reforma agrária, num país que “apresenta forte predomínio do monopólio da terra, de grandes áreas improdutivas e de gigantescas empresas monopolistas nacionais e estrangeiras”. Já Ricardo Berzoini, dirigente do PT, frisou a contribuição do MST na “reconstrução da democracia brasileira, tarefa ainda em curso que exige sempre a unidade na diversidade daqueles que lutam por um país democrático e justo”. E Roberto Amaral, vice-presidente do PSB, opinou que “o MST é o mais profundo e, por isso, o mais importante movimento social brasileiro”. PSOL, PSTU e PCB também deram apoio.

A teimosia e as conquistas

Artistas conscientes, como o dramaturgo Augusto Boal, a sambista Leci Brandão, a atriz Lucélia Santos e os atores Osmar Prado e Paulo Betti, enviaram suas mensagens de “parabéns”. Outras palavras de reconhecimento e de apoio devem chegar nestes próximos dias, inclusive do exterior – já que o MST possui núcleos de apoiadores em vários continentes e goza de prestígio junto aos presidentes Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia), Fernando Lugo (Paraguai) e Raul Castro (Cuba). As comemorações que se realizam em Sarandi, interior gaúcho, local da primeira ocupação de terras do MST, deverão ter intensa carga emocional, “mística”.

Esse reconhecimento, como aponta João Pedro Stedile, integrante da sua coordenação nacional, deve-se “aos 25 anos de teimosia do MST”. Ele lembra que movimento surgiu no embalo da luta contra a ditadura e teve forte inspiração da Teologia da Libertação. Os lutadores pela terra de 16 estados, reunidos em janeiro de 1984 em Cascavel, “estimulados pelo trabalho pastoral da CPT”, davam início a um movimento que ocupou terras ociosas, que garantiu assentamentos produtivos – evitando que centenas de milhares de lavradores vegetassem no desemprego e marginalidade nos centros urbanos –, que construiu centenas de escolas no campo, formando camponeses.

A violência das oligarquias rurais

Neste percurso, o MST “pagou caro pela teimosia” e enfrentou a violência das oligarquias rurais, formadas com a mentalidade dos senhores de escravos. Segundo balanço da Comissão Pastoral da Terra (CPT), entre 1985/2007 foram assassinados 1.508 trabalhadores em conflitos agrários. Destes, 31 eram dirigentes do MST, que também sofreu mais de 600 processos judiciais contra 1.500 militantes. No ano passado, o Ministério Público gaúcho determinou, de forma arbitrária, a “dissolução” do movimento e sentenciou: “Cabe agora quebrar a espinha dorsal do MST”.

Além da violência do latifúndio e dos barões do agronegócio, com suas milícias de jagunços, o MST também enfrentou governos na luta pela reforma agrária e por justiça. “No governo Collor, fomos duramente reprimidos, com a instalação, inclusive, de um departamento especializado na Polícia Federal de combate aos sem-terra. Depois, a vitória do neoliberalismo do governo FHC foi o sinal verde aos latifundiários e as suas policiais estaduais. Tivemos em pouco tempo dois massacres: Corumbiara e Carajás... Mas seguimos na luta. Brecamos o neoliberalismo elegendo Lula”. Mas, lamentavelmente, “não houve a reforma agrária no governo Lula”, relata Stedile.

Parcialidade e rancor da mídia

Esta rica trajetória, que recolocou a reforma agrária na agenda política, conquistou terras em centenas de assentamentos e foi manchada de sangue de seus mártires, deveria ter, no mínimo, o respeito da imprensa nativa. Mas, a exemplo dos latifundiários, os barões da mídia nunca deram trégua ao MST. É só lembrar as capas e reportagens abjetas da revista Veja, a maneira pejorativa que a TV Globo trata os “invasores”, a cara de asco do fascistóide Boris Casoy ou os editorais rancorosos do jornal O Estado de S.Paulo, fundado pela família escravocrata dos Mesquitas.

A Folha de S.Paulo, que ainda engana os ingênuos com o seu falso ecletismo – mas que clamou pelo golpe militar contra o “perigo comunista” e a reforma agrária –, não esconde seu ódio nem na semana do aniversário. Publicou editorial raivoso e várias reportagens marotas. Na primeira delas, ate faz um rico levantamento sobre os fundadores do MST, mas a edição refinada procura mostrar sua “decadência”, priorizando os que se “afastaram”. Outro texto, que poderia estar nas páginas policiais, é intitulado “MST foi processado mais de 600 vezes”; outro estimula a cizânia entre os sem-terra e o governo Lula; outro realça que o “MST perde adeptos e recursos”.

O “jornalismo canalha” dos Frias

Todos os textos seguem a linha traçada no título do editorial: “Decadente aos 25”. Nele, a senil família Frias afirma que “o MST completa 25 anos de existência, mas não amadurece. Ameaça, agora, ‘invadir’ cidades, ou seja, intensificar a sua atuação nos centros urbanos”. A manipulação é gritante: participar das mobilizações urbanas não significa “invadir”. O ataque é brutal, quase reforçando o coro da “dissolução” dos juízes gaúchos. “Encurralado pela própria decadência, o MST reage a seu modo... Enfrentará, além de mais processos judiciais, apenas a indiferença da maioria da população”. Haja arrogância desde jornal elitista ao falar em nome da sociedade.

O ódio da Folha ao MST é antigo. No livro “O jornalismo canalha”, o professor José Arbex Jr. cita um caso emblemático, ocorrido em maio/2000, quando o servil Josias de Souza “denunciou a cobrança de ‘pedágios’ pelo MST, prática posteriormente qualificada de ‘mafiosa’ em editorial do próprio jornal, em resposta a uma denúncia comprovada e admitida de que Josias, para fazer a sua ‘reportagem’, utilizou recursos e orientação da Incra”, como pau-mandado do governo FHC. Arbex relembra outros editoriais na mesma linha, taxando as “invasões” do MST como prática “criminosa, estúpida e afrontadora” (20 de março de 2002). Como se observa, a Folha realmente deve estar triste com a “teimosia” e as comemorações dos 25 anos do MST.

Fonte: Blog do Miro

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12ª ENQUETE DE CLASSE

Encerrou em 30 de agosto de 2008 a 12ª Enquete de Classe desse blog.

A pergunta foi:

Você concorda com a campanha “Fora Meirelles”, que quer a saída do presidente banqueiro do Banco Central?

6 (75%) companheiros responderam que SIM.

2 (25%) companheiros responderam que NÃO

De lá para cá muita coisa aconteceu, estourou a crise e até mesmo setores que apoiavam a política de arrocho do BC, que só favorece banqueiros, passaram a questionar as decisões do banqueiro do Banco Central.

FORA MEIRELLES!

Agradecimentos àqueles companheiros que responderam a Enquete de Classe.

E respondam a nova pergunta.

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domingo, 25 de janeiro de 2009

TRABALHADORES CONSEGUEM INICIAR A QUEDA DOS JUROS

A semana passada foi marcada pelas manifestações do movimento sindical brasileiro, que de forma unificada, exigiu que o Banco Central, ou seja, o governo Lula, derrubasse a taxa básica de juros (Selic).

Em 13 capitais as centrais sindicais se manifestaram e, juntamente com outras entidades populares, conquistaram a maior redução da taxa Selic dos últimos tempos, 1 ponto percentual.

A reivindicação original dos sindicalistas, de redução de 2pp, já era tímida, considerando que o Brasil possui a maior taxa de juros reais do mundo, e a redução promovida pelo BC foi ainda menor. No entanto, uma redução de 1pp é algo drástico, se for levado em conta que a decisão é tomada por meia dúzia de banqueiros que se encontram encastelados na direção do Banco Central, nomeados pelo presidente-operário.

A crise econômica internacional tem trazido problemas concretos no Brasil, sendo o mais grave o aumento do número de demissões. Com isso, a pressão de diversos setores da sociedade brasileira tem aumentado, a ponto de setores patronais também atacarem a política econômica do governo Lula, em especial a taxa básica de juros.

Assim, as centrais sindicais, que há tempos defendem uma drástica redução da Selic, ganharam ainda mais fôlego, ampliando o movimento e forçando, na prática o BC a deixar de ser um entrave para o crescimento econômico do país.

Ainda foi pequena a queda, mas muito maior do que é costumeiro ou desejado pelos rentistas, parasitas da riqueza alheia. O fundamental é que, mesmo com manifestações ainda não tão grandes, o sindicalismo demonstra que não aceitará a derrocada da economia brasileira para favorecer alguns parasitas.

Leia mais:

PARA CENTRAIS, MOBILIZAÇÕES FORÇARAM COPOM A REDUZIR JUROS

CENTRAIS SINDICAIS PROTESTAM POR REDUÇÃO DOS JUROS

AS BARBEIRAGENS DO BANCO CENTRAL

ESTÁ CRIADO O "BAIXÔMETRO"

SOB PRESSÃO, BANCOS ANUNCIAM REDUÇÃO DOS JUROS AO CONSUMIDOR

Foto 1 : Passeata das centrais sindicais em Curitiba - 21/01/2009 (Ivanovick)

Foto 2: Carro de som comanda a manifestação, em destaque J. Tramontini e Mario Ferrari, ambos da CTB-PR (Ivanovick)

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