quarta-feira, 30 de julho de 2008

COMEÇA A CAMPANHA SALARIAL DOS BANCÁRIOS

As conferências regionais, bem como a Conferência Nacional dos Bancários deram início, este mês, à campanha salarial da categoria em 2008. E este ano temos algumas novidades, que abordaremos aqui, em etapas.

As conferências regionais ou estaduais ainda não avançaram no sentido de se constituírem em fóruns unificados de toda a categoria, conforme propõe a CTB. Mesmo assim, o movimento dos bancários, e sua direção, tem se visto obrigado a reconhecer e conviver com a diversidade existente na categoria. Nesse ponto, o fato a ser destacado e que está provocando grandes mudanças no processo de organização dos bancários é a fundação da CTB. Com isso, em na maioria das conferências regionais participaram representações da CTB, CUT e Intersindical.

No Paraná, ainda existe a grande dificuldade de se unificar os fóruns da Fetec e da Feeb, por incompreensões de lado a lado, e um certo “acordo branco” para que uma federação não incomode a outra.

Ainda assim, a CTB participou da conferência convocada pela federação cutista, expondo suas divergências com os demais companheiros, mas principalmente buscando consensos e o caminho da unidade de toda a categoria.

A conferência paranaense mostrou que ainda há muito que caminhar para se poder dizer que existe unidade real da categoria e das diversas centrais e correntes de pensamento. Mas um bom exemplo foi dado pelos companheiros do Banco do Brasil que, democraticamente e por consenso, escolheram os seus delegados com respeito às representações da capital e do interior, bem como das variadas opiniões diferentes. Infelizmente, o bom exemplo não se repetiu nos demais bancos, onde a corrente cutista majoritária abocanhou todas as vagas. Na Caixa, houve espaço apenas para um observador da CTB e, ainda assim, com muita luta.

Outro ponto importante das discussões foi o da remuneração. A Articulação Sindical insiste em sua proposta de negociar com os banqueiros a famigerada remuneração variável, agora travestida de remuneração total. Essa proposição, que pode ser chamada de “salário total flex”, interessa muito aos patrões, públicos e privados, do sistema financeiro, pois passa a obrigar os bancários a cumprir todas as abusivas metas de venda para poder ter parte significativa de seu salário. Mas, como a situação em cada banco é bastante diferente, a corrente majoritária optou por utilizar argumentos variados e contraditórios em cada grupo, aproveitando-se da confusão para aprovar essa idéia maravilhosa para os banqueiros.

Ainda assim, a CTB/Paraná teve boa participação no evento e elegeu uma delegação à Conferência Nacional composta de 2 delegados, Diego Mazzolli (foto à esquerda) e Gilson Brotto Claro (foto ao centro), ambos do BB, e 1 observador Jefferson Tramontini (foto à direita), da Caixa.

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NOVO PCS DA CAIXA: COMISSÃO DAS PROMOÇÕES É INSTALADA

O novo Plano de Cargos e Salários (PCS) da Caixa começou a ser implantado no dia 1º de julho.

Apesar dos pesares, o novo PCS coloca praticamente todos os empregados em uma mesma tabela salarial, o que representa um passo na conquista plena da isonomia entre pré e pós-98.

Outro importante elemento do novo PCS é a criação de uma Comissão Paritária entre empregados e Caixa para construir os critérios e procedimentos para as promoções por merecimento. Esta comissão, e o resultado dela, é o ponto central do novo plano, já que apenas pelas promoções por antiguidade, os empregados da Caixa não chegarão nem mesmo a metade da nova tabela salarial de 48 níveis.

A Comissão Paritária foi instalada no dia 15 de julho, em Brasília e já possui um calendário de reuniões semanais para tratar do tema. O prazo dos trabalhos é 31 de agosto e as promoções por merecimento devem ser iniciadas em 1º de janeiro de 2009.

Os componentes da Comissão Paritária são:

- pela Caixa, Alba Neide Alves (Sugat/Genat), Sebastião Marins Andrade (Surse/Genep), Frederico Gazolla Rodrigues Renno (Djur/Geten), Auricélia Karan Maia (Sudhu/Gedes), Tarcisio Luiz Dalvi (Sumre/Gecob) e Jucemar José Imperatori (Suape)

- pelos empregados, Raimundo Félix (Brasília-DF), Antônio Luiz Fermino (Curitiba-PR), Jefferson Tramontini (Curitiba-PR), Marcello Huser Carrion (Santa Maria-RS) e Gabriel Musso de Almeida (Campinas-SP). Ainda resta uma vaga a ser preenchida por indicação da Contec.

A lógica de amplitude sinalizada pela corrente majoritária da Contraf/CUT na composição da Comissão Paritária, com a indicação de 2 membros pela Articulação Sindical/CUT, 1 pela CSD/CUT, 1 pela FEEB/SP-MS, 1 pela CTB e reservar uma vaga para a Contec, infelizmente ainda tem dificuldades de ser implantada na prática. O problema encontra-se na visão estreita da Articulação Sindical em Curitiba, de onde foram indicados 2 membros da Comissão, Antonio Fermino pela Articulação e Jefferson Tramontini pela CTB, ambos dirigentes do Sindicato local. Como a Caixa, erroneamente não paga as despesas da Comissão, o Sindicato dos Bancários de Curitiba alega que os custos de manutenção de 2 membros é muito elevado e, por isso, paga apenas 1, obviamente o militante da Aticulação Sindical/CUT, deixando assim a Comissão capenga.

Esse é um problema de concepção política, uma visão estreita, uma vez que, segundo as últimas prestações de contas, o Sindicato dos Bancários de Curitiba não possui problemas de caixa. Infelizmente, uma visão burocrática têm atrapalhado o andamento de algo que é fundamental para o conjunto dos empregados da Caixa Econômica Federal.

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CTB ORGANIZADA NO RAMO FINANCEIRO

Intervenção e atuação da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) na Campanha Salarial 2008, o projeto e estratégias de organização do ramo financeiro da Central e a eleição da nova Coordenação Nacional do Ramo Financeiro foram os temas discutidos domingo (6/7), no auditório do Sindicato dos Bancários da Bahia, em Salvador, no I Encontro Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Ramo Financeiro da CTB.

O evento avançou na estruturação da CTB no ramo financeiro, definindo a coordenação em 20 dos 26 Estados brasileiros, além do Distrito Federal.

Na abertura do encontro, Adilson Araújo, presidente CTB-BA, declarou que se iniciava uma jornada de batalhas político-eleitoral e de campanha salarial, e que era necessário obter conquistas nas duas batalhas, com o sindicalismo desempenhando o seu papel de vanguarda, revolucionário e socialista.

Eduardo Navarro, presidente da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe, destacou que a Coordenação Nacional do Ramo Financeiro da CTB deve ter um perfil político mais amplo com representatividade nacional, ajudar na formulação da atuação local e geral e que se reúna periodicamente.

Ao final do encontro, cerca de 120 delegados presentes, representando 14 estados mais o Distrito Federal, elegeram a Executiva Nacional do Ramo Financeiro da CTB, composta por representantes da Bahia, Ceará, Distrito Federal, Paraná, Rio de Janeiro e Sergipe. Foi aprovada também uma moção de repúdio contra a demissão de quatro funcionários no Banestes (Banco do Estado Espírito Santo).

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DENÚNCIAS NO SINDMETAL/PE

É curioso ver alguns dirigentes sindicais afirmarem taxativamente que “pelegos são os outros”.

Muitas vezes, não conseguem, ou não querem, ver o que acontece em seu próprio quintal. Caso simbólico disso foi a recente “eleição” do Sindicato dos Metalúrgicos de Pernambuco (SindMetal/PE). São diversas as irregularidades que estão sendo investigadas pelo Ministério Público e vão desde a fraude eleitoral até desvios de recursos da entidade, que é filiada à CUT, para uma ONG presidida por Alberto Alves dos Santos, o Betão, que também é presidente do SindMetal/PE e candidato à reeleição pela chapa cutista.

São situações como essas que acabam desmoralizando todo o movimento sindical, favorecendo enormemente os patrões, pois os trabalhadores ao invés de construir, passam a desconfiar do seu sindicato.

Veja mais:

CTB disputa eleições dos metalúrgicos de Pernambuco

Eleições do Sindmetal/PE confirmam denúncias da chapa 2

Presidente do Sindmetal/PE presta depoimento sobre denúncias

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GREVE NOS CORREIOS: VITÓRIA DOS TRABALHADORES

Após 21 dias de paralisação e dando um exemplo de união, os trabalhadores em Correios e Telégrafos decidiram em assembléia realizada nos Estados pelo fim da greve. A categoria aceitou o acordo fechado na reunião de sábado (19), com o ministro das Comunicações, Hélio Costa, Federação dos Trabalhadores dos Correios (Fentect) e representantes da direção da empresa.

De acordo com a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos (Fentect), os Estados de Alagoas, Acre, Amazonas, Bahia, Campinas (SP), Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Ribeirão Preto (SP), Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, Santos, São José do Rio Preto (SP), São José dos Campos (SP) e Sergipe já haviam aprovado o acordo com a empresa, até as 16 horas e 30 minutos desta segunda-feira (21), de forma que, oficialmente, a greve está encerrada.

Papel da CTB

Para Zélia dos Santos, diretora da CTB e secretária de Finanças da Fentect, a luta foi árdua mas demonstrou a união e espírito de luta da categoria “Foi uma grande vitória para os trabalhadores e nesse processo todo a CTB desempenhou um papel muito importante. Nossos companheiros (CTB) participaram de forma decisiva, conduzindo o processo com muita coerência e responsabilidade”, declara. A CTB dirige os maiores sindicatos da categoria no país, como São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro.

Em São Paulo, um dos Estados em que a categoria é mais numerosa, a assembléia terminou por volta das 18h e contou com a participação de mais de 3.000 trabalhadores. Após votação a favor do acordo ficou decidido que os trabalhadores retornarão aos seus postos no turno da noite, que começa às 22h.

O acordo

A proposta prevê pagamento, em definitivo, de 30% do salário-base para 43 mil carteiros que trabalham na distribuição e coleta externa, a título de adicional de atividade, retroativo a junho de 2008. O acordo prevê ainda que os demais trabalhadores da categoria que exercem funções na distribuição e no atendimento em guichês de agências a empresa continuarão recebendo o valor fixo de R$ 260,00.

Sobre o Plano de Cargos, Carreiras e Salários de 2008, o acordo determina a volta da discussão em agosto. Também foi acordado que não haverá descontos dos dias parados. Estes serão compensados e o crédito do vale-refeição/alimentação/cesta será feito após o encerramento da greve.

Vitória da união

No boletim da Fentect, os sindicalistas afirmam que o encontro deixou "clara a intenção de alguns dirigentes da empresa de querer desmoralizar o movimento sindical, levando o ministro a acreditar que a ECT estava cumprindo o Termo de Compromisso na integra e que os trabalhadores é que estávamos agindo de forma irresponsável".

Contudo, os trabalhadores reconheceram o esforço do governo para dar fim ao impasse. "Avaliamos que a intervenção de Lula foi decisiva para o recuo tanto do presidente dos Correios quanto do ministro das Comunicações", observa Nilson Rodrigues dos Santos, secretário-geral do Sintcom-PR. "Tivemos um contato direto com Lula logo nos primeiros dias de greve. E ele se mostrou contrariado com o fato de o termo de compromisso ter sido descumprido."

Fonte: Portal CTB

Veja mais:

Especial CTB: Os trabalhadores nos Correios e a “modernização” da ECT

Site da FENTECT

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A FICHA CRIMINAL DOS BANQUEIROS E A LUTA DOS BANCÁRIOS

Neste quarto e último artigo sobre as mudanças no perfil da categoria dos bancários, o Portal da CTB aborda o fenômeno da criação de banqueiros riquíssimos que deixaram para trás um rastro de bancos quebrados. E conclui que, independente de tudo, os bancários mantêm a tradição de luta.

Por Osvaldo Bertolino

Os números apresentados pelos lucros dos bancos fazem as pessoas pensarem que basta colocar uma placa com os dizeres "aqui é um banco" para chover dinheiro. Não é bem assim. Esse ramo de negócios tem altos segredos — por isso, não é possível entender tudo o que se passa em suas entranhas. Henry Ford, aquele industrial norte-americano que revolucionou a linha de produção no começo do século XX, certa vez disse que se o povo entendesse como funciona o setor financeiro haveria uma revolução antes de amanhã cedinho.

No governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), o senador José Sarney (PMDB-AC) chegou a propor uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o sistema financeiro. Mas sua iniciativa esbarrou na firme decisão do Palácio do Planalto de impedir que ela fosse instalada. No entanto, é um assunto que continua na ordem do dia.

Seria interessante, por exemplo, saber o que a Justiça poderia fazer com os envolvidos nos casos que se arrastam desde o começo dos anos 80, como os do Comind, do Auxiliar, do Maisonnave e do Sulbrasileiro — que até agora nada sofreram. Seria, igualmente, importante esclarecer a origem e o destino dos mais de US$ 20 bilhões que o governo FHC liberou ao Proer, salvando bancos mal administrados e com operações obscuras em carteira. Um exemplo escandaloso é o do Nacional.

Balanços mentirosos

Os responsáveis pelo banco — entre eles uma nora de FHC — divulgaram seguidos atestados falsificados de saúde de um instituição que na verdade estava mortinha havia dez anos. “Faz muito tempo que no Brasil qualquer pessoa com algum conhecimento do setor sabe que entre as muitas maneiras de aferir o estado de um banco não consta, decididamente, o exame do balanço”, diz Everaldo Augusto, bancário, dirigente nacional da CTB e vereador em Salvador pelo PCdoB.

Segundo ele, os números grandiosos solenemente empilhados acima da assinatura de circunspectos banqueiros e com a rubrica de bem pagos auditores têm mentido compulsivamente. “Até o Banco Central (BC) sabe disso”, afirma. “O que realmente espanta é que, com tantas possibilidades legais de montar balanços maravilhosamente mentirosos, esses bancos recorreram ao gangsterismo contábil tão fartamente noticiado”, diz ele. “Há algo de podre nessa história”, enfatiza.

Juroduto do BC para os bancos

Além da extensa ficha criminal do setor – no Brasil, criou-se a categoria de banqueiros riquíssimos que deixaram para trás um rastro de bancos quebrados –, chama a atenção que o lucro recorde dos bancos destoa da realidade da economia nacional. Isso tem explicações. Somam-se ao Proer, às privatizações e ao processo de fusões e aquisições práticas abusivas como a cartelização dos serviços. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) disse que há desconfiança de que os bancos brasileiros agem como um cartel na hora de estabelecer o preço de tarifas.

Mais uma importante explicação: mesmo com a moeda nacional sofrendo uma forte desvalorização na época da hiperinflação — e em boa parte por conta disso —, os agentes financeiros encontraram no chamado "floating" (mercado financeiro) uma forma de alcançar grandes lucros. Com a "estabilidade", o mecanismo foi aperfeiçoado.

A Selic — taxa que remunera cerca de 50% dos títulos públicos —, do BC, funciona como um juroduto para os bancos. Além disso, o juro médio bancário brasileiro, de 44,7% ao ano, é o maior do mundo, segundo levantamento feito pelo jornal Folha de S.Paulo a partir de dados do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Redução da jornada de trabalho

Os bancários têm uma longa tradição de lutas. Já em 1932, no dia 18 de abril, a categoria realizou sua primeira greve no Brasil. A paralisação foi deflagrada pelos funcionários do Banespa, que reivindicavam melhorias salariais e nas condições de trabalho. A greve foi vitoriosa, mas a conquista que marcou a década de 30 foi a redução da jornada de trabalho para seis horas diárias, em novembro de 1933.

A primeira greve nacional da categoria foi deflagrada em julho de 1934, com duração de três dias, reivindicando aposentadoria aos 30 anos de serviço e 50 de idade, estabilidade no emprego a partir de um ano trabalhado (foi conquistado estabilidade aos dois anos trabalhados no mesmo banco) e criação de uma caixa única de aposentadoria e pensões. Os trabalhadores reivindicavam também a criação do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários (IAPB). Com a greve, veio o resultado: pelo decreto-lei 24.615, de 9 de julho de 1934, nasceu o IAPB.

Problemas comuns da categoria

Desde então, os bancários sempre estiveram na linha de frente das lutas dos trabalhadores brasileiros. Na campanha salarial de 1961, ocorreu a chamada “greve da dignidade”, que resultou em nada menos do que 60% de reajuste — fortalecendo a recém-criada Confederação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Crédito (Contec), oficializada em 1959. No ano seguinte, organizada em torno da Contec a categoria garantiu direitos como o fim do trabalho aos sábados, abonos semestrais e anuênio.

No final da década de 70, após o período mais duro da ditadura militar, a categoria voltou a se articular. Hoje, os bancários estão organizados em diferentes centrais sindicais, mas atuam de forma unitária nas principais lutas da categoria. “A CTB tem na categoria um de seus principais pilares, principalmente no Estado da Bahia”, diz Adílson Araújo. “Os problemas fundamentais da categoria são os mesmos em todos os Estados e a CTB se esforça para unir o movimento sindical do setor para combatê-los”, finaliza.

Fonte: Portal CTB

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O LUCRO DOS BANCOS E A SAÚDE DOS BANCÁRIOS

No terceiro artigo da sobre as mudanças no perfil da categoria dos bancários, o Portal da CTB aborda a relação inversa entre o lucro dos bancos e o salário dos bancários. Outro aspecto das mudanças ocorridas no setor é o agravamento das condições de saúde da categoria.

Por Osvaldo Bertolino

Segundo o presidente da CTB-BA e do Sindicato dos Bancários da Bahia, Adilson Araújo, os bancos fizeram da política de achatamento salarial e do uso de mecanismo para burlar a legislação trabalhista um meio de aumentar os lucros. “Após o impacto inicial do Plano Real com o fim da receita inflacionária, os bancos passaram a acumular sucessivos recordes de lucratividade com aumentos expressivos de receitas e redução de custos — tarifas e spread elevados de um lado, e demissões e terceirizações de outro”, diz.

Ele mostra alguns dados que comprovam a relação inversa entre a queda dos salários e dos benefícios da categoria e os ganhos dos bancos. Segundo Adilson, entre 1994 e 2006 a receita de prestação de serviço global dos onze maiores bancos registrou um aumento real (acima da inflação) de 222% em relação ao “Índice Geral de Preços — Disponibilidade Interna (IGP-DI)”, calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). No mesmo período, a despesa de pessoal total destes bancos caiu 34,6%, o que resultou num aumento real de 611,3% do lucro líquido global.

Condições degradantes de trabalho

A categoria também tem se debatido com problemas relacionados à saúde do trabalhador. “Temos estudos que mostram o impacto destas mudanças na saúde mental, decorrentes do mal-estar e tensão no trabalho”, diz Marcão Fonteles, secretário-geral do Sindicato dos Bancários PA-AP e presidente da CTB-PA. Segundo ele, para os bancários o estresse e a tensão já se tornaram elementos do cotidiano do trabalho.

Marcão explica que esse quadro de estresse e tensão evolui para conseqüências graves. “Entre os principais indicadores de desgaste à saúde mental temos nervosismo, ansiedade, tensão, fadiga, cansaço, desestímulo, desespero e depressão”, afirma. “Por vezes, há também perda de apetite, distúrbios de sono, além da contaminação involuntária do tempo de lazer — ou seja, os trabalhadores que não conseguem desligar-se das pressões", explica. “Estes desconfortos são indicativos de que há algo no trabalho e na vida que precisa ser modificado”, diz Marcão.

Mas, com a necessidade de manter o emprego, o trabalhador se sujeita a condições degradantes de trabalho. “A ameaça de demissão é uma constante e produtora de sofrimento”, afirma Marcão. “Um grande exemplo na categoria bancária são os casos de LER/DORT, que acarretam, além da dor contínua, uma verdadeira peregrinação entre médicos e perícias na busca pelo reconhecimento da doença e do tratamento adequado”, diz ele.

Trabalho monótono e desgastante

Outra dificuldade enfrentada é o assédio das chefias — principalmente a pressão pelo fechamento de metas de vendas. “Esse agravo traz repercussões à saúde mental, como sentimentos de impotência e incapacidade”, afirma Ailson Duarte, dirigente do Sindicato dos Bancários do Estado do Ceará e da CTB-CE. “Ao mesmo tempo em que a demissão ameaça a garantia de subsistência, também pode gerar grande insegurança e sentimentos de desânimo e desespero”, afirma.

Todos esses fatores, aliados à falta de perspectiva de ascensão profissional, à impossibilidade de intervir na concepção e no planejamento de suas atividades, e à defasagem salarial tornam o trabalho bancário monótono e desgastante. Ailson diz que o movimento sindical bancário precisa intervir efetivamente no processo, lutando para modificar a organização do trabalho nos bancos e também buscando medidas de prevenção e promoção à saúde.

Denúncias na Justiça do Trabalho

Segundo ele, a prevenção consiste em medidas coletivas de melhoria e intervenção nos locais de trabalho que reduzam ou amenizem situações potencialmente causadoras de mal-estar. “Aumento do controle real dos bancários sobre as tarefas e seu trabalho, enriquecimento das tarefas e o fim da extrapolação da jornada de trabalho são alguma medidas urgentes”, enfatiza Ailson. Ele explica que é importantíssimo exigir dos bancos o cumprimento da legislação existente — como as Normas Regulamentadoras (NRs) do Ministério do Trabalho que visam à proteção dos ambientes de trabalho.

As principais ligadas ao trabalho bancário, explica Ailson, são a NR-5 (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, Cipa), a NR-7 (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional), a NR-9 (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais) e a NR-17 (Ergonomia, que visa a estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores). “Os bancos criam artifícios para burlar a aplicação destas NRs e precisam ser sempre denunciados nas instâncias da Justiça do Trabalho e à população”, afirma Ailson.

Bancos mais lucrativos do mundo

Para enfrentar estes problemas, no entanto, é preciso tocar numa questão essencial: o ganho dos bancos, inclusive os estatais. As montanhas de dinheiro que são divulgadas como lucros impressionam. Em março deste ano, um levantamento da consultoria Economática colocou os bancos brasileiros pela primeira vez entre os mais lucrativos do mundo.

A Caixa Econômica Federal (CEF) fechou o primeiro trimestre deste ano com R$ 873 milhões de lucro líquido, um crescimento de 12,2% sobre igual período de 2007. O Nossa Caixa, do Estado paulista, teve lucro líquido de R$ 114,9 milhões no mesmo período — alta de 31% sobre o mesmo período do ano passado. O Banco do Brasil registrou lucro líquido de R$ 2,347 bilhões no primeiro trimestre, um crescimento de 66,6% em relação ao registrado no mesmo período de 2007.

O lucro líquido do Unibanco atingiu R$ 741 milhões no primeiro trimestre deste ano, um crescimento de 27,5% em relação ao mesmo trimestre do ano passado. O Banco Real registrou lucro líquido de R$ 652 milhões no primeiro trimestre deste ano, alta de 5% em relação ao mesmo período do ano anterior. O Banco ABC Brasil teve um crescimento de 106,4% no primeiro trimestre deste ano, para R$ 38 milhões; no mesmo período de 2007, os ganhos foram de R$ 18,4 milhões.

Os lucros do Itaú e do Bradesco

O Itaú lucrou no primeiro trimestre deste ano R$ 2,043 bilhões, contra R$ 1,902 bilhões registrados no mesmo período de 2007. O Santander anunciou lucro de R$ 688 milhões no Brasil no primeiro trimestre. O grupo informou que faturou na América Latina 729 milhões de euros (US$ 1,1 bilhão ou R$ 1,914 bilhão) e que o Brasil foi novamente o país em que mais lucrou na região, com 262 milhões de euros (US$ 393 milhões ou R$ 688 milhões) — o que representa um aumento de 16,5% em relação ao mesmo período do ano passado.

O Bradesco, maior banco privado do país, teve lucro líquido de R$ 2,102 bilhões. Em 2007, o lucro de R$ 1,705 bilhão apurado no primeiro trimestre já havia sido inédito para o período. O PanAmericano atingiu R$ 70,3 milhões no primeiro trimestre de 2008, o que representa um aumento de 31,3% em relação ao último trimestre de 2007 e 126,1% em relação ao apurado até março do ano passado. E por aí vai.

Ampla liberdade para os bancos

Em entrevista à Agência Brasil, o ex-secretário de acompanhamento econômico do Ministério da Fazenda, Elcio Takeshi, disse que os bancos obtêm grandes lucros por conta da conjuntura econômica favorável para o sistema financeiro. "Não estão fazendo nada de ilegal, apenas aproveitando uma propriedade que o mercado brasileiro apresenta para eles", disse ele.

Uma das propriedades do mercado brasileiro é oferecer liberdade para que os bancos decidam quanto irão cobrar sobre cada tarifa — e, inclusive, decidir quais serão as tarifas existentes. Segundo Roberto Piscitelli, professor de Ciências Contábeis da Universidade de Brasília, "no caso de algumas grandes instituições a receita com tarifas bancárias é superior à própria folha de pagamento dos salários". Uma pesquisa da ABM Consulting, realizada com seis grandes bancos brasileiros, reforça a informação do professor — as recentes medidas adotadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para controlar as tarifas mostraram-se ineficientes.

Ganhos de tesouraria do bancos

O estudo revela que as receitas com serviços bancários, incluindo tarifas, cresceram de R$ 4,8 bilhões em 1995 para R$ 19,2 bilhões, até setembro de 2004, e já correspondem, em média, em alguns grandes bancos — como o Bradesco —, a 200% da folha de pagamento. As tarifas, entretanto, não são a única fonte de renda dos bancos. Segundo um estudo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), os ganhos com a tesouraria dos bancos chegam a 36% do total dos lucros do sistema bancário.

No estudo, "tesouraria" é a definição para ganhos com investimentos em compras de título do governo federal, que pagam as maiores taxas de juros do mundo. A Anefac ainda informa que as tarifas geram 13% dos lucros totais do sistema bancário, e receitas diversas compõem 8% desse total. De acordo com o vice-presidente da instituição, entretanto, o que mais rende dinheiro para os bancos é a concessão de créditos. O principal componente desses lucros encontra-se no alto spread cobrado no Brasil.

Alto Spread brasileiro

O spread é a diferença entre os juros que os bancos pagam na hora de captar dinheiro (pegando emprestado de outros bancos ou de poupadores) e os juros que cobram sobre os empréstimos que fazem aos tomadores (pessoas físicas e jurídicas). Enquanto as primeiras taxas são baixas, as segundas são altas — como é o caso do cheque especial. Parte da diferença entre as duas fica com os bancos e ajuda a compor os lucros.

O spread brasileiro está entre os maiores do mundo, sendo quase duas vezes maior que o da Argentina (15,4%), três vezes o da Rússia (9,1%) e nove vezes o dos Estados Unidos (3%) — segundo o Instituto de Estudo para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), baseado em dados do Fundo Monetário Internacional (FMI). Uma pesquisa da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) mostra que os brasileiros pagam R$ 73 bilhões, por ano, em spread . Para se ter uma idéia, o Bradesco ganhou, só em 2004, R$ 11,1 bilhões em spread — quase o dobro do que recebeu com tarifas.

Fonte: Portal CTB

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11ª ENQUETE DE CLASSE

Encerrou em 15 de julho a 11ª Enquete de Classe desse blog.

A pergunta foi:

Por que os grandes empresários são contra a CSS?

2 (66%) companheiros responderam que foi para “continuar a sonegar à vontade”.

1 (33%) companheiros responderam que foi para “reduzir a carga tributária”

Agradecimentos àqueles companheiros que responderam a Enquete de Classe.

E respondam a nova pergunta.

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quarta-feira, 2 de julho de 2008

GOVERNO NÃO CUMPRE PALAVRA: CORREIOS NOVAMENTE EM GREVE

O governo Lula vem adquirindo o péssimo hábito de descumprir compromissos firmados, e registrados em acordos coletivos, com os trabalhadores das empresas estatais.

Os exemplos são vários e podemos citar a recente rasteira governista nos empregados da Caixa Econômica Federal, onde para implantar um Plano de Cargos e Salários (PCS), pouco melhor que o atual, mas muito aquém do possível, a empresa (governo) dividiu os empregados, discriminando uma parte, e comprou a consciência de outra. Com isso, o governo Lula, originado nas lutas dos trabalhadores conseguiu arrefecer os ânimos justamente dos trabalhadores.

Agora, nos Correios, o governo Lula também não cumpre o acordado em 2007, que trata do adicional de risco, da PLR e também de PCS. Mas os empregados dos Correios não se dobraram e iniciaram nova greve, exigindo o cumprimento daquilo que já foi conquistado.

Veja o quadro da greve nacional nos Correios até 2 de julho

Veja a carta da FENTECT ao presidente da empresa

Conheça a pauta de reivindicações dos companheiros dos Correios

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O IMPACTO DAS FUSÕES, AQUISIÇÕES E PRIVATIZAÇÕES NOS BANCÁRIOS

No segundo artigo sobre as mudanças no perfil da categoria dos bancários, o Portal da CTB aborda o impacto dos processos de fusões, aquisições e privatizações. Os principais efeitos são arrocho salarial, precarização das relações de trabalho e enxugamento do quadro de funcionários.

Por Osvaldo Bertolino

As transformações pelas quais o mundo do trabalho passou dos anos 90 para cá atingiram em cheio a categoria dos bancários. Um dos fatores que mais influenciou a degradação do trabalho bancário foi a chegada dos gigantes estrangeiros no setor. Dados de 2001 da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) já informavam que de 1990 até aquele ano o setor financeiro registrara 176 negócios, dos quais 56% com participação de capital estrangeiro.

O início da atual década registrou a maior aquisição de um banco público no Brasil, com a venda do Banespa para o banco espanhol Santander. A última operação do setor ocorreu em 2007, quando o banco holandês ABN Amro foi adquirido pelo consórcio formado pelos bancos Royal Bank of Scotland, Fortis e Santander por pouco mais de 71 bilhões de euros, representando a maior aquisição da história do setor bancário mundial. No negócio, o Santander ficou com as unidades italiana e brasileira do ABN.

O exemplo da privatização do Banespa

O processo de reestruturação implementado no sistema financeiro na década de 90 provocou uma perda expressiva de ocupações no setor — as fusões e aquisições que proliferaram naquela década, em conjunto com as inovações tecnológicas, resultaram em um enxugamento intenso dos empregos como forma de reduzir os gastos totais, e, em particular, as despesas de pessoal. A privatização do Banespa é um caso emblemático.

O banco passou por dois processos de enxugamento de postos de trabalho. O primeiro foi anterior à venda, no período entre 1992 a 1999, e resultou na eliminação de 17.052 empregos. Em 2001, ano seguinte à oficialização da compra do Banespa pelo Santander, o novo dono do banco lançou um programa de demissão voluntária que contou com a adesão de 8.300 funcionários. Essa opção de gestão constava do relatório de administração do Santander-Banespa de 2001.

Nele, os administradores do banco justificaram os desligamentos com a necessidade de adequação da estrutura de custos e enfoque na nova estratégia de atuação — ou seja, demissões de funcionários antigos para contratar funcionários novos com salários inferiores. Em 2002, o Banespa atingiu o menor estoque de emprego da sua história — contando com 13.722 funcionários. No ano seguinte, o Santander iniciou novas contratações e fechou o ano de 2006 com 23.355 funcionários, superando o número que havia no ano da privatização, que era de 22.235.

O depoimento de dois ex-banespianos

O Portal CTB conversou com dois ex-funcionários do Banespa, cujas experiências retratam bem o que aconteceu naquele processo. Cláudio Martins de Oliveira aproveitou o processo de privatização para acelerar a aposentadoria. “Vi que a profissão de bancário, dali em diante, não seria mais a mesma e aproveitei para sair”, relatou. Segundo ele, muitos dos seus companheiros que ficaram comprovaram a previsão. “A pressão por produtividade e por resultados fez o trabalho piorar muito”, enfatizou.

Para Cláudio, mais do que a mudança no perfil do bancário o que houve foi a mudança no perfil do banqueiro. “Os bancos passaram a exigir mais cursos, mais conhecimento, mais diplomas, e não deram as condições para o bancário se adaptar às novas exigências”, disse ele. “Para os bancos, o que importa é o diploma”, afirmou. Segundo Cláudio, até o corpo gerencial foi atingido. “Poucos gerentes permaneceram na função”, disse.

Críticas ao sindicato em São Paulo

Ao seu lado, Jorge Chikitani, que permaneceu no emprego, no setor administrativo, depois da venda do Banespa ao Santander e foi demitido no ano passado, também mostrou indignação. “Eles ficaram comigo até onde precisaram do meu trabalho”, afirmou. Demitido após 28 anos de trabalho na empresa, Jorge está desempregado e sem perspectivas de voltar ao mercado de trabalho formal. “Com esta idade, fica difícil”, disse, sem deixar de demonstrar emoção ao responder as perguntas com frases curtas.

Ambos criticaram o sindicato da categoria em São Paulo. “No processo de demissões, o sindicato não agiu como deveria agir porque as informações eram divulgadas de uma forma que não esclarecia bem aos funcionários as opções que haviam”, disse Cláudio. Para ele, o sindicato deveria organizar a categoria de uma forma que a privatização e a venda do Banespa tivessem mais contestações. Ao seu lado, Jorge fez intervenções pontuais para apoiar as declarações de Cláudio.

Processo semelhante ao do Banespa

Outro exemplo com impacto negativo no emprego é o do Banestado, no Paraná, alvo de CPIs inconclusas. Privatizado no mesmo ano do Banespa, o banco sofreu com o banditismo neoliberal. Por meio dele, ocorreram diversos crimes — como gestão temerária, fraude contábil, sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O Banestado, um dos principais bancos estaduais, foi “vendido” ao Itaú por R$1,6 bilhão e este recebeu em créditos tributários do estado do PR R$1,8 bilhão, ou seja, não só o Itaú não desembolsou um único centavo como ganhou R$ 200 milhões de brinde.

O Estado do Paraná ainda ficou com uma dívida de R$ 5 bilhões junto à União devido ao processo de “saneamento” do banco. Essa dívida custa ao povo paranaense aproximadamente R$ 48 milhões ao mês por 20 anos. Após a privatização, cerca de 12 mil trabalhadores do banco perderam seus empregos. A maior parte das cidades paranaenses, pequenas e com economia agrícola, ficaram sem agência bancária e sem acesso a financiamentos.

Incorporações no setor privado

Há ainda as fusões do Banco Nacional com o Unibanco, em 1995, e a incorporação do Bamerindus pelo HSBC, em 1997 — um negócio9 ainda considerado escuso. No primeiro exemplo, entre 1994 e 1995 (ano da aquisição do Nacional), o quadro de funcionários do Unibanco aumentou de 17.034 para 28.543. Nos anos seguintes, esse número começou a cair até alcançar o mínimo de 17.390 funcionários — uma redução de 39,1%.

O Bamerindus experimentou um processo semelhante ao do Banespa — ou seja, demissões de funcionários antigos para contratar funcionários novos com salários inferiores. Nesse caso, o enxugamento antecedeu a venda para o HSBC, em 1997. Entre 1994 e 1996, o quadro de pessoal do Bamerindus caiu de 30.434 funcionários para 22.950.

No ano da compra, o HSBC, que contava com apenas 474 funcionários, chegou ao final do ano com 23.756 funcionários. Nos anos seguintes, iniciou-se um processo de enxugamento, e alcançou o mínimo de 18.845 funcionários em 1999. Hoje, o HSBC, que não possuía operações no Brasil, passa por um processo de enxugamento acentuado de pessoal — não só reduzindo em número como substituindo os ex-funcionários do Bamerindus por novos trabalhadores, com salários muito menores.

Pressão do movimento sindical

Apesar do contexto diferenciado, a privatização do Banespa guarda semelhanças com as fusões e aquisições dos bancos Nacional, com o Unibanco, e do Bamerindus, com o HSBC em termos de ajuste de custos com redução do quadro de funcionários. A recente aquisição do ABN Amro Real pelo Santander também trouxe fortes impactos sobre o emprego. Na Holanda, os novos donos estimaram uma redução em 13 mil postos. No Brasil, o banco previu uma redução em torno de 1.500 bancários.

Juntos, os dois bancos somam 54.399 funcionários. “A pressão do movimento sindical sobre o Congresso Nacional resultou na criação de uma subcomissão que convocou os representantes dos bancos envolvidos, do Banco Central (BC) e da Federação Brasileira do Bancos (Febraban) para uma primeira audiência pública”, relata Jefferson Tramontini, membro da executiva do Sindicato dos Bancários de Curitiba e dirigente da CTB-PR. “Mas os convocados do setor patronal não compareceram e por isso nova audiência deve ser agendada”, diz ele.

Estagiária há dois anos

Outro fator que ameaça o emprego dos trabalhadores do setor é a pressão por resultados que passou a reger as relações de trabalho. O Portal da CTB percorreu algumas agências para conversar com bancários e se deparou com um quadro alarmente. Numa agência do Santander, uma estagiária que desempenha a função de assistente de gerente se dispôs a falar, após o expediente, com a condição de que seu nome não fosse citado. “A pressão das chefias por resultados é muito grande”, disse ela.

Com salário de R$ 920 por mês — o piso salarial da categoria bancária, estabelecido em convenção coletiva — e estagiando há dois anos, a bancária relatou que sua função é basicamente a de vender seguros, capitalizações e outros produtos do gênero. “A pressão para melhorar as vendas é muito grande e constante”, afirmou. Questionada sobre o longo período de estágio, ela explicou que o banco procura esticar ao máximo este tipo de contratação para evitar elevar o salário, conceder os direitos previstos na legislação trabalhista e aplicar a carteira de benefícios do acordo coletivo. Ela formou-se em administração de empresas e espera seguir carreira na profissão.

Jornada extensa e rotina de pressões

Em uma agência do HSBC, o bancário Denis de Oliveira Souza também se dispôs a falar depois do expediente. “A pressão pela superação das metas é muito grande, mesmo eu desempenhando a função de caixa”, disse ele. Com salário de R$ 952 mais quebra de caixa de R$ 200 — uma espécie de gratificação para compensar eventuais diferenças de valores —, ele disse que o salário nem de longe compensa a pressão por resultados e a intensa carga de trabalho. “Trabalho de caixa há 7 anos e não vejo nenhuma perspectiva de passar para outra função melhor remunerada”, disse.

Denis relata que a jornada de trabalho de seis horas diárias não é respeitada. “A gente nunca cumpre menos de 7 horas diárias, mas o pagamento de horas extras não compensa o desgaste do trabalho — que acaba sendo obrigatório”, afirmou. Formado em ciências contábeis, ele espera mudar de emprego mas não vê ainda para onde ir. “Estou há 7 anos na empresa, só nesta agência, e incomodado com essa longa rotina de pressões”, afirmou. “Mas tenho de agüentar, porque este é meu emprego”, disse.

A agressividade do Banco do Brasil

Em uma agência do Banco do Brasil (BB), o gerente Welton Ribeiro garantiu que os funcionários poderiam falar, mas só dois dias depois — segundo ele porque o movimento estava muito grande. Detalhe: Welton falou com a reportagem depois de mais de uma hora de espera, após o encerramento do expediente bancário. Ele disse que com a automação o trabalho bancário havia melhorado, mas encerrou a conversa quando indagado sobre as 8, 9 horas diárias impostas aos bancários do BB.

O BB, por meio de um processo de reestruturação, semelhante aos implantados nos anos 1990 com objetivo de privatizá-lo, ofereceu um incentivo para aposentadoria de seus funcionários, provocando a saída de 7mil dos mais experientes funcionários. Agora, o Ministério do Planejamento autorizou a contratação de 2.500 novos concursados, chamados de “genéricos — pois não têm direito aos benefícios e carreira dos antigos. O BB é também um dos bancos mais agressivos no quesito terceirização.

Fonte: CTB

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LOBBY PATRONAL DERROTA CONVENÇÃO 158 NAS RELAÇÕES EXTERIORES

Por 20 votos contra 1, a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara aprovou hoje o parecer do relator, deputado Júlio Delgado (PSB/MG), contrário à demissão imotivada. No parecer, Delgado pedia a rejeição da ratificação, pelo Brasil, da Convenção 158 da OIT, que proíbe a demissão sem justa.

Ele entende que a legislação trabalhista atual protege o trabalhador, o que, na sua opinião, torna a ratificação da Convenção 158 desnecessária.

Logo depois da votação, o relator informou que fez uma consulta à Comissão de Constituição e Justiça, que lhe informou que a matéria sendo rejeitada na Comissão de Relações Exteriores poderia ser arquivada. Desse modo, Júlio Delgado pediu o arquivamento da mensagem presidencial.

O presidente da Comissão, deputado Marcondes Gadelha (PSB/PB), disse que também vai fazer uma consulta à CCJ, a fim de examinar o pedido do relator. Caso a informação proceda, Gadelha vai arquivar a matéria.

Se isto acontecer, nova mensagem com este conteúdo só poderá ser apresentada na próxima legislatura, em 2011.

Caso prevaleça a leitura correta do Regimento Interno da Câmara, a mensagem presidencial ainda deverá ser apreciada pelas comissões de Trabalho; e de Constituição e Justiça.

Arquivamento

O pedido do relator não procede, pois apenas duas comissões têm poder para arquivar matérias em caso de aprovação de parecer contrário. São elas, as comissões de Constituição e Justiça; e de Finanças e Tributação.

No caso de mensagem presidencial, apenas o plenário pode decidir, ao rejeitar a matéria, pelo seu arquivamento. Isto é, o plenário, instância máxima da Câmara tem que se pronunciar sobre a questão, a fim de enviá-la ou não à Casa revisora - o Senado.

Veja a lista dos deputados que votaram contra os trabalhadores

Conheça o parecer patronal elaborado pelo dep. Julio Delgado (PSB/MG)

Conheça o voto em separado, a favor de quem trabalha, do dep. Vieira da Cunha (PDT/RS)

Fonte: DIAP

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UM DIA TRISTE PARA O MOVIMENTO SINDICAL NO CONGRESSO NACIONAL

NOTA OFICIAL DA CTB SOBRE A CONVENÇÃO 158 DA OIT

Hoje (quarta-feira, 2-7) foi um dia triste para o movimento sindical brasileiro no Congresso Nacional. A maioria dos parlamentares que compõem a Comissão de Relações Exteriores e Defesa da Câmara Federal voltou as costas aos interesses da classe trabalhadora ao aprovar o relatório do deputado Júlio Delgado (PSB-MG) contra a Convenção 158 da OIT, que impede a demissão sem justa causa.

A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) manifesta sua indignação com este resultado, que representa uma vitória do lobby patronal e uma lamentável derrota da classe trabalhadora, do sindicalismo e da sociedade brasileira.

O parecer do deputado Delgado reflete com canina fidelidade os interesses e a ideologia do grande capital, a tal ponto que parece ter sido escrito na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O parlamentar foi desautorizado pela direção nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB), que firmou posição em defesa da Convenção 158 e também desaprovou a atitude dos deputados Marcondes Gadelha (PSB-PB) e Eduardo Lopes (PSB-RJ), que votaram com o relator.

A Convenção 158 da OIT tem uma importância extraordinária para a classe trabalhadora, pois impõe limites ao arbítrio patronal no término das relações trabalhistas, acabando com o odioso expediente da demissão sem justa causa, limita a rotatividade da força de trabalho, que no Brasil atinge 40%, regula de forma mais civilizada o mercado de trabalho nacional e humaniza as relações sociais.

O movimento sindical deve se mobilizar e tomar uma posição firme contra o arquivamento da matéria, pretendido pelo patronato, denunciar os parlamentares que votaram contra os interesses da classe trabalhadora e prosseguir lutando contra a demissão imotivada, uma excrescência antidemocrática e anti-social.

Wagner Gomes

Presidente da CTB

Fonte: CTB

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10ª ENQUETE DE CLASSE

Encerrou em 30 de junho a 10ª Enquete de Classe desse blog.

A pergunta foi:

O Banco Central subiu os juros para:

9 (100%) companheiros responderam foi para “encher, ainda mais, o bolso dos banqueiros”.

Agradecimentos àqueles companheiros que responderam a Enquete de Classe.

E respondam a nova pergunta.

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