quinta-feira, 29 de maio de 2008

MUITA LUTA NO 28 DE MAIO EM CURITIBA

As manifestações integrantes da campanha unificada pela redução da jornada de trabalho sem redução de salários em Curitiba foram marcadas de um lado pela garra dos trabalhadores, de outro pela truculência policial.

Trabalhadores, pelegos e polícia
Durante a madrugada, militantes da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), CUT e Força Sindical impediram a saída de ônibus de 3 das 26 garagens de Curitiba e região. Motoristas e cobradores aderiram e apoiaram o movimento pacífico que aconteceu nos portões das garagens das empresas Água Verde, Carmo e Cidade Sorriso.
Na empresa Água Verde, militantes da CTB realizaram assembléia com os trabalhadores no portão da garagem. A resposta dos trabalhadores rodoviários que possuem jornada reduzida de 36 horas foi de integral apoio à redução da jornada de trabalho a todos os trabalhadores.
Na garagem da Carmo, sindicalistas da CUT pararam as atividades e receberam a adesão de motoristas e cobradores. Utilizando do argumento de que a Prefeitura de Curitiba havia conseguido uma liminar, como sempre no calar da noite, a polícia de choque chegou ao local e violentamente dispersou os manifestantes, praticamente obrigando, pela intimidação, que motoristas e cobradores voltassem ao trabalho.
O maior confronto em garagens aconteceu na empresa Cidade Sorriso, onde estavam manifestantes da Força Sindical. Da mesma forma que em outras empresas, ali também os funcionários aderiram ao movimento pela redução da jornada. A confusão começou, segundo relatos de manifestantes, quando o presidente do Sindicato dos Rodoviários (Sindimoc), Denilson Pires, apareceu na manifestação e, ao invés de se juntar ao movimento queria obrigar os trabalhadores a entrarem para o trabalho. Em seguida a polícia de choque chega batendo, jogando bombas e atirando. Alguns manifestantes foram presos e outros feridos. Mesmo com a abertura violenta dos portões pela polícia, grande parte dos rodoviários não entraram até que o presidente do Sindimoc fosse embora.
Após os primeiros conflitos, sindicalistas da CUT bloquearam por cerva de 30 minutos a BR-476, no movimentados trevo da PUC, provocando congestionamentos.
Disposição de luta e organização
Mas a maior manifestação de trabalhadores neste 28 de maio foi promovida pela CTB na fábrica da Kraft Foods, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC). Já bem cedo o Sindicato dos Trabalhadores da Kraft (SINTRAFUCARB) fechou os portões e iniciou a assembléia. Aos trabalhadores do 1º turno que estavam chegando de manhã, se somaram os do 3º turno que estavam terminando seu horário de trabalho. Ao todo, mais de 2mil operários se reuniram na porta da fábrica em assembléia. Militantes da Intersindical também apoiaram a paralização.
Por volta das 6h30min, Célio “Bolinha” (foto), dirigente do Sintrafucarb e da CTB-PR, iniciou a organização do fechamento das 5 pistas da Av. Juscelino Kubistchek (rodovia do Contorno Sul de Curitiba). Com segurança feita pela Polícia Rodoviária, os operários pararam toda o pesado trânsito da rodovia. Segundo informações, o congestionamento ultrapassou 14 km.
Além das bandeiras unificadas do dia 28 de maio, redução da jornada, conveções 151 e 158 da OIT e fim do fator previdenciário, os operários da Kraft também reivindicaram a construção de uma passarela sobre a rodovia, pois são constantes os atropelamentos de trabalhadores.
Em torno da 7h30min aparecem as viaturas da polícia de choque. Os policiais chegaram batendo e apontando as armas. Um carro que auxiliava no bloqueio foi literalmente carregado pelos policiais.
O clima de guerra criado pela polícia lembrou os anos de chumbo da ditadura militar. Os policiais ameaçaram o motorista do caminhão de som, apontaram armas à queima roupa para trabalhadores, entre os quais muitas mulheres. Ofensas e muitas ameaças completaram o repertório dos trogloditas de farda.
Os dirigentes do Sintrafucarb e da CTB, para evitar o confronto, organizaram o recuo dos operários que ocupavam as pistas da rodovia, concentrando-os próximo ao caminhão de som. Mesmo com toda a violência policial, os trabalhadores não se intimidaram e mantiveram uma das pistas principais parcialmente fechada e uma das marginais completamente bloqueada.
A determinação e unidade dos operários da Kraft garantiu que ninguém saísse ferido. A manifestação foi encerrada às 9 horas, conforme decidido previamente pelos trabalhadores.
Às 10 horas as centrais sindicais se reuniram na Praça do Atlético e marcharam até o centro da cidade, na Praça Rui Barbosa, para o ato público unificado. Durante o percurso muitas foram as manifestações de apoio de populares pela redução da jornada de trabalho sem redução de salários.
Essas manifestações foram mais um passo dessa luta. No próximo 3 de junho as centrais sindicais entregam em Brasília o abaixo-assinado que já ultrapassou 2,5 milhões de adeptos. Novas manifestações devem acontecer em breve e devem ampliar o movimento.

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