domingo, 1 de fevereiro de 2009

CRISE MUNDIAL DO CAPITALISMO: UMA OFENSIVA DO CAPITAL CONTRA OS TRABALHADORES

Milton Alves

Na esteira da crise sistêmica do capitalismo, as grandes corporações -. tanto nacionais como estrangeiras - na busca de manter as atuais margens de lucros, sem admitir qualquer recuo, descarregam brutalmente sobre os trabalhadores, com a ameaça do desemprego e da redução de direitos, o ônus da crise. Ou seja, é sobre a massa assalariada, mais uma vez, que o capital que lançar as suas âncoras para sair do naufrágio

Nesta semana o FMI divulgou suas pessimistas projeções para a economia mundial. O quadro é grave: Recessão para os países desenvolvidos e em desenvolvimento, afetando sobremaneira a vida das populações mais pobres do mundo. Desemprego em escala crescente, com a projeção de mais de 50 milhões de desempregados até o final de 2009. Além disso, o FMI faz uma projeção para o desempenho da economia global em 2009, num patamar de minguados 0,5%. Portanto, um quadro de grave retração da economia.

É neste cenário que ocorre uma verdadeira e brutal ofensiva do capital contra os direitos dos trabalhadores. Sob a ameaça do tacão do desemprego, as corporações e o patronato “oferecem” para os trabalhadores a opção da redução do salário em troca da manutenção do emprego. Uma vil chantagem. Isso é como falar de corda em casa de enforcado. Mais ainda: Há setores do empresariado nativo que defendem neste momento de regressão da economia uma reforma trabalhista, para segundo eles, eliminar os “excessos de direitos” presentes na atual legislação trabalhista do país.

Para enfrentar essa armadilha o movimento organizado dos trabalhadores - as centrais sindicais e os sindicatos - precisam radicalizar a mobilização em defesa da bandeira da redução da jornada de trabalho sem a redução dos salários; pressionar os governos para que adotem medidas mais vigorosas no enfrentamento da crise, ações que defendam e protejam o emprego e a renda dos mais pobres; e exigir das corporações e capitalistas beneficiários de subsídios governamentais contrapartidas efetivas para a manutenção do emprego dos trabalhadores; e a adoção de medidas de controle sobre o sistema financeiro - e sua legião de banqueiros e executivos especuladores.

A crise é profunda e extensa, atinge tanto o centro como a periferia do sistema. Repercute no Brasil ceifando fortemente o emprego do trabalhador. Grandes empresas, como a Vale do Rio Doce, já defendem abertamente a nefasta formula da redução do salário para manter o emprego. No setor automobilístico, mesmo com a ajuda do governo, as empresas realizam planos de demissão.

Os trabalhadores não foram os causadores da crise. Quem especulou, quem investiu em papéis podres das Bolsas e alimentou o cassino global da economia capitalista que pague pela saída da crise.

O desafio que fica para os trabalhadores e suas organizações é o da luta para deter mais essa onda de aviltamento dos direitos e de desvalorização do trabalho.

Em Tempo: na conclusão deste artigo acabo de receber informações dos companheiros da Bosch, unidade de Curitiba, que a direção da empresa pressiona os trabalhadores para aceitarem um acordo da redução da jornada com a redução do salário para não haver demissões.

Milton Alves é presidente estadual do PCdoB-PR e membro do Comitê Central do PCdoB

Fonte: Blog do Milton Alves

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