segunda-feira, 23 de maio de 2011

Avanço sindical dos comunistas depende do fortalecimento da CTB

Lideranças sindicais de 24 estados se reuniram neste final de semana, em Salvador (BA), para debater a nova política sindical do PCdoB. O 4º Encontro Nacional Sindical contou com a participação de 250 delegados, que debateram a atuação dos comunistas diante do atual momento político do país. O fortalecimento da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) para a disputa da hegemonia entre os trabalhadores foi uma das principais resoluções do evento, encerrado neste domingo (22).

“Este foi um encontro bastante proveitoso. Mostrou que esta questão que puxamos – de uma nova etapa – mobilizou bastante os dirigentes sindicais comunistas, porque estava faltando dar mais perspectiva. A militância só é mobilizada quando ela vê perspectiva em sua ação transformadora”, avaliou o secretário sindical do PCdoB, João Batista Lemos.

Para Batista, a principal proposta de resolução do Encontro é a que aponta para a necessidade de enfrentar uma nova etapa à construção de uma alternativa de classe do sindicalismo brasileiro, que é a CTB. “Nesta nova fase, a CTB precisa se preparar para a disputa da hegemonia entre os trabalhadores, do ponto de vista material, político e ideológico. Nos debates, houve uma unidade muito grande em torno desta necessidade, para enfrentar os novos desafios do nosso país, com a eleição de Dilma Rousseff e as possibilidades que há no país para avançar o novo projeto de desenvolvimento, com valorização do trabalho, soberania e democracia.”


Na opinião de Batista, a saída dos comunistas e de outras tendências sindicais da CUT para fundar a CTB revelou-se acertada, já que a nova central, fundada em 2007, ajudou na “construção da unidade de ação da classe trabalhadora e das centrais sindicais”. Segundo o dirigente do PCdoB, está provado que “a unidade de ação não passa apenas por uma central – mas pela unidade de ação do conjunto das centrais”. Exemplo disso foi a realização da 2ª Conclat (Conferência Nacional da Classe Trabalhadora), que partiu de uma proposta da CTB e foi realizada pelas centrais em 2010.

O próximo passo, diz Batista, é fazer uma grande campanha para a CTB chegar às massas, nos locais de trabalho, e ser reconhecida entre os trabalhadores. Esta é deliberação mais relevante do Encontro Sindical – e será levada como uma proposta para a direção cetebista. “Estamos propondo a realização de campanhas próprias. Uma pode ser em torno da defesa da unicidade sindical, como forma de fortalecer os sindicatos para garantir os direitos dos trabalhadores no desenvolvimento nacional. A outra possibilidade seria assumir uma campanha em torno da qualidade do trabalho”, diz o dirigente.

De acordo com ele, “o Brasil está gerando muitos empregos – mas empregos ainda muito precários, com salários rebaixados, empregos temporários, informais. Então trabalharemos em torno da qualidade do trabalho para uma vida digna. Esta é a proposição de uma outra campanha. Vamos ter que decidir tudo isso na reunião do Conselho da CTB, que vai ser no final de julho. Porque no Conselho é que a gente define qual a campanha própria que a CTB vai fazer”.

Secretarias sindicais

Batista apontou também outras proposições importantes do Encontro, estas voltadas mais estritamente ao partido. “Queremos fortalecer uma política de quadros, de base e também de dirigentes nacionais. Quadros de base são aqueles que têm condições de construir o partido dentro da empresas. Outra questão nova, que nós vamos reforçar, é a organização dos trabalhadores por relações de trabalho. A gente pode organizar, por exemplo, os metalúrgicos e os professores de uma região da cidade. Vamos reforçar a organização dos trabalhadores por relação de trabalho.”

Haverá também algumas mudanças no funcionamento das secretarias sindicais. “Vamos fazer uma modificação boa, muito importante, de tomar para a Secretaria Sindical a distribuição da Classe Operária – que é uma forma rica de abordar os trabalhadores. É uma forma de se relacionar como partido, e não como sindicalista.”

As secretarias sindicais devem “assumir agora mais trabalho do partido, cuidar mais do partido, em sintonia, em sinergia com a secretaria de Organização e acompanhada pelo Departamento de Quadros. Porque as secretarias sindicais ficam hoje nos problemas locais, de eleições de sindicatos, e não cuidam do partido, das discussões políticas, de levar tarefas partidárias, dos projetos políticos do partido”.

Batista assegurou que, em 2012, as entidades têm de contribuir para filiar ou indicar lideranças sindicais ao partido que possam se eleger vereadores e prefeitos. “Queremos mais e mais trabalhadores conduzidos às Câmaras e prefeituras municipais”, informou Batista, lembrando que, embora a CTB seja o maior leito dos comunistas, o PCdoB atua também em outras centrais. 

Política do PCdoB

O secretário sindical explicou ainda o que mudou na política sindical do PCdoB diante do novo momento político do país. “Com o governo Lula, desenvolvemos muito mais a nossa concepção de autonomia – da CTB e das centrais sindicais – em relação aos governos. Não confundimos autonomia com neutralidade, nem com politicismo. Em cada momento, estabelecemos qual é o nosso lado, que sempre vai ser lado da classe trabalhadora da nação, do Brasil”.

Para Batista, a CTB deve ajudar os sindicatos a desenvolverem não só seu “caráter reivindicativo” – mas o “caráter propositivo” também. “A central tem de estar preparada e ter propostas para intervir na política industrial do país, na política de Ciência e Tecnologia, no Plano Nacional de Educação, no SUS, na questão ambiental. É preciso intervir nesses processos, elaborando políticas públicas. As centrais hoje, com esta nova realidade, jogam um papel importantíssimo para defender um país soberano, democrático e socialista.”

O 4º Encontro Nacional Sindical foi encerrado, no domingo, pelo presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, que fez questão de ressaltar a importância de o partido se manter forte entre os trabalhadores. “Estamos tratando aqui da nossa organização entre os trabalhadores – do papel que a nossa organização tem entre os trabalhadores, sobretudo a CTB, e como organizar o partido entre os trabalhadores”. 

Renato assinalou que central é “um grande instrumento” e “uma grande conquista” – “é uma questão estratégica para nós”. Segundo ele, após o Encontro, “chegamos a uma nova etapa, e o desafio passou a ser maior. Ficou histórica a reunião do Comitê Central em que decidimos pela organização da CTB. Acredito que este será um encontro histórico, porque nós vamos aplicar estas resoluções e vamos caminhar efetivamente para a disputa da hegemonia no seio dos trabalhadores”.

De Salvador, 
Eliane Costa

Fonte: Vermelho


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