A quem serviu o 11 de setembro?
Nilton Bobato*
As imagens de uma juventude norte-americana esfuziante comemorando o anúncio do assassinato do líder da Al Qaeda, Osama Bin Laden, como se fosse a conquista de um campeonato mundial de futebol, nos leva de novo a perguntar, a quem serviu realmente o 11 de setembro? Se esta pergunta for respondida, sem aderir às paranoias conspiracionistas, talvez chegaremos a conclusão dos reais motivos daquele ataque.
Logo que os ataques do 11 de setembro aconteceram, imaginava, como muitos, que aquelas mortes serviriam para reflexão das relações dos EUA com o mundo, que fariam seu povo pensar que sua dor era a mesma que muitos povos de muitas nações também sofreram com as guerras patrocinadas pelo império do Norte.
Essa ilusão se dissipou momentos depois, quando a maioria da população apoiou a ocupação do Afeganistão e menos de dois anos depois a ocupação do Iraque, como apoia agora os ataques a Líbia e esta maioria sempre esteve ao lado dos assassinos israelenses em suas agressões aos palestinos.
Os jovens, que eram meras crianças naquele 11 de setembro de 2001, que nesta madrugada comemoraram a notícia da morte de Bin Laden, é uma prova inconteste de que a cultura da violência, da guerra, continua mais forte do que nunca no território norte-americano. Os índices de popularidade do presidente Obama, que devem explodir nos próximos dias, mostrarão que a maior parte da população aplaude líderes que comandam guerras e violência pelo mundo.
Todos sabem que há muito Bin Laden não comanda mais a Al Qaeda, sua morte é apenas um troféu político para alavancar a popularidade de Obama e a arrogância da maioria do povo norte-americano aplaudirá, pois isso, para eles, representará a manutenção do poder do EUA sobre o mundo.
Continuar é a arma
O anúncio da morte do Bin Laden vem seguido de notícias de que os governos devem ficar alertas para ações de retaliação da Al Qaeda pelo mundo. Logo será a justificativa para continuar as guerras do Afeganistão, no Iraque, na Líbia e para justificar possíveis ações contra o Irã e outros que não se alinhem aos ditames do império do Norte e seu povo, cuja justiça é só a justiça deles.
As possíveis retaliações da Al Qaeda virão seguidas também do aumento das campanhas que pretendem atingir os seguidores do islamismo, demonizando os povos do Oriente Médio.
Talvez tudo isso responda boa parte das perguntas que fazemos aqui na tríplice fronteira (Foz do Iguaçu, Ciudad del Este e Puerto Iguazu) sobre os motivos que levaram a representante mor do jornalismo gendarme norte-americano e da direita, revista Veja, a recomeçar em abril as fantasiosas notícias de que esta região abriga financiadores de grupos terroristas ou mesmo abriga perigosos terroristas islâmicos.
*Nilton Bobato Vereador do PCdoB em Foz do Iguaçu (PR), membro do Conselho Nacional de Política Cultural, professor e escritor
Fonte: Nilton Bobato
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