terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A desconstrução de Lula e a reconstrução de FHC

Cléber Sérgio de Seixas*

Ouvir Alexandre Garcia tecer elogios ao governo da presidente Dilma não tem preço. Já é pacífico que a mídia brasileira partidarizada - depois de tanto ter batido na então candidata petista à presidência, naquela que foi a campanha eleitoral presidencial de mais baixo nível dos últimos tempos – resolveu partir para a adulação de Dilma Rousseff.

Não faltam elogios de intelectuais, articulistas, jornalistas e de gente que até as vésperas da eleição insistia em afirmar que o melhor para o Brasil seria a eleição de José Serra e que Dilma não passava de um poste. Os cães que até há pouco faziam xixi no poste, agora abanam o rabo. Os primeiros movimentos do governo da petista, destacado o corte de R$ 50 bilhões em despesas, são saudados com euforia pelos neoliberais de plantão através de seus tentáculos midiáticos.

Pelo visto, a estratégia da grande mídia é criar pontos de interseção entre tais medidas de cunho neoliberal do governo Dilma - nos moldes dos "choques de gestão" tucanos - com os oito anos da gestão FHC, de forma a passar a idéia de que Lula equivocara-se em suas políticas compensatórias e em não ter seguido à risca a bula do Consenso de Washington.


Paralelamente à identificação dos primeiros atos da gestão Dilma com o estilo neoliberal de governar, correrá por conta do PIG (Partido da Imprensa Golpista) a desconstrução da imagem de Lula e de todo o seu legado. Essa estratégia teve início nos estertores de seu governo e intensificou-se após ele ter deixado a presidência. Lula, agora, não tem como utilizar a máquina para defender-se dos impropérios que lhe são lançados a profusão. Recentemente, foi chamado de fanfarrão num artigo escrito pelo sociólogo Alberto Carlos Almeida.

Ao passo que tentarão convencer os brasileiros de que Dilma resolveu seguir a cartilha neoliberal, e que Lula errou ao não abraçá-la, darão visibilidade ao falastrão Fernando Henrique Cardoso, como já ocorreu no último programa político do PSDB e no programa de entrevistas É Notícia da Rede TV.

Como o povo brasileiro tem uma curta memória política, é possível que seja ludibriado pela manipulação da direita e de sua imprensa. Assim, com o esquecimento do que foi conquistado sob Lula, e com a imagem do ex-presidente petista desconstruída perante a opinião pública, cessará a bajulação para com Dilma e terá início a deformação de sua imagem, pois a essa altura já estaremos às portas das eleições presidenciais de 2014.

*Cléber Sérgio de Seixas é cristão e um marxista auto-didata não-ortodoxo.


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