quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O povo brasileiro está de luto


Wagner Gomes*

O Brasil amanheceu de luto nesta quinta-feira, 6, depois de perder um de seus filhos mais queridos e geniais, o arquiteto Oscar Niemeyer, que morreu na noite do dia 5, aos 104 anos. A notícia consternou o mundo e foi manchete de inúmeros jornais, refletindo o reconhecimento internacional desfrutado pelo grande artista, que deixou sua marca em vários países, exposta em mais de 600 obras, incluindo a imponente paisagem urbana de Brasília.

Niemeyer foi um revolucionário na arte, na política e na vida. Criou uma arquitetura moderna, com uma estética suave e formas livres, baseadas nas curvas que percebia na natureza (“nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida”) em contraposição à rigidez do ângulo reto ou à “linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem”.

Na política foi um destacado militante comunista, defensor do sistema socialista, marxista e crítico intransigente do capitalismo durante toda a vida. Nunca renegou sua convicção, que lhe valeu anos de exílio durante a ditadura militar, e sempre pautou sua vida pela luta contra as injustiças sociais e por uma nova sociedade, governada pela classe trabalhadora, apesar da derrota do socialismo soviético e da odiosa propaganda anticomunista desencadeada pela mídia burguesa.

Considerava uma bobagem “querer consertar o capitalismo, achar que ele pode ser melhorado. Está tudo errado, ele é uma doutrina de miséria, de egoísmo. Não queremos reformar o capitalismo que representa tudo isso, essa diferença de classes, os pobres sem ter onde morar. Queremos acabar com o capitalismo.” 

Aplicou à própria vida sua concepção humanista e solidária. Dizia, a este respeito, que não era tão importante “ser arquiteto, ser especialista, ser mundialmente reconhecido. O importante é a vida e a amizade. A palavra mais importante da minha vida é solidariedade”. Apesar de gigante em seu ofício (seus prédios assemelham-se a esculturas) e no pensamento, cultivava a modéstia. “Sou filho da natureza”, filosofou, “um pequeno e humilde ser nela inserido”. 

Ele também afirmava que é preciso sonhar “senão as coisas não acontecem”. A obra e o nome de Niemeyer sobreviverão aos séculos e seus sonhos, de um mundo mais justo e verdadeiramente humano, também não morreram, pois eles inspiram o mesmo espírito rebelde e solidário que orienta a luta secular e internacional da classe trabalhadora para acabar com o capitalismo e construir uma nova sociedade, democrática e igualitária, sem explorados ou exploradores. 

São Paulo, 6 de dezembro de 2012

*Wagner Gomes, presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)

Fonte: CTB

0 comentários:

Classista possui:
Comentários em Publicações
Widget UsuárioCompulsivo

Mais vistos

  ©CLASSISTA - Todos os direitos reservados.

Template by Dicas Blogger | Topo