quarta-feira, 12 de junho de 2013

Sobre a greve dos rodoviários em Florianópolis


J. Tramontini*

Em várias cidades brasileiras estão acontecendo manifestações com relação ao transporte coletivo. Cada cidade com suas próprias realidades e cada movimento com seus próprios interesses, alguns, diga-se, não tão justos assim.

Mas chama atenção o que acontece na cidade de Florianópolis, capital de Santa Catarina. Naquela cidade o que acontece é uma greve dos trabalhadores rodoviários, reivindicando melhores condições de trabalho, de segurança e melhores salários. As negociações não deram em nada e ao indicar a greve os trabalhadores, e seu sindicato, foram imediatamente retaliados pela prefeitura e pelo judiciário. O judiciário catarinense exigiu que 50% da frota de ônibus circulasse em certos horários e 100% em horários de pico, sob pena de R$100 mil diários de multa. É bom salientar que 100% da frota não circula nem mesmo em dias normais, pois há uma escala. Mais uma vez é a caneta do juiz passando por cima da Constituição Federal, impedindo e criminalizando o legítimo movimento dos trabalhadores.


Assembleia inicia a greve dos rodoviários
da grande Florianópolis em 10/06.
Foto: Jessé Giotti/RBS

Mas os rodoviários e seu sindicato (Sintraturb) ignoraram o papel do judiciário e fazem, desde o dia 10/06, uma greve que paralisa totalmente o transporte público de Florianópolis e região. O prefeito César Souza Jr (PSD) rapidamente autorizou “vans” a fazer o trabalho de lotação, com preços abusivos e condições duvidosas. O prefeito e seu governo conservador tem aparecido em espaços generosos nas TVs e jornais catarinenses a atacar o sindicato e os trabalhadores. Em nenhum momento o prefeito César Souza Jr (PSD) se dispôs a tentar resolver os problemas que levaram à greve.

Florianópolis já tem tarifas bastante elevadas para o transporte coletivo e o sistema tem insuficiências gritantes. Com isso, o prefeito tem tentado usar de um expediente grotesco, tem dito firmemente que a tarifa não vai aumentar de jeito nenhum e que, por isso, não pode atender os trabalhadores rodoviários, tentando jogar os usuários contra os grevistas. O sindicato da categoria sempre se manifestou contra o aumento das tarifas e contesta a planilha que os empresários apresentam com tal alegação.

O Sintraturb, com apoio de diversos outros movimentos e entidades, lançou uma proposta interessante. Para resolver o problema que aflige a população da capital catarinense e região o sindicato propôs que, enquanto durasse o impasse, a frota de ônibus circulasse normalmente porém, sem cobrança de tarifas, com catraca livre.

A proposta foi rechaçada, de imediato, pelo prefeito César Souza Jr (PSD) e pelo judiciário catarinense. Isso prova que a prefeitura e o Ministério Público, na verdade, não estão preocupados com as necessidades dos habitantes de Florianópolis, mas sim com o lucro de seus amigos empresários do transporte.

Na noite de ontem (11/06), em assembleia, após chegarem a um acordo sobre reajuste salarial e vale-alimentação, os rodoviários decidiram retomar as atividades porém, mantendo o estado de greve, pois ainda existem pendências importantes a serem solucionadas.

*Jefferson Tramontini é diretor do Sindicato dos Bancários do Ceará, membro da Coordenação Nacional dos Bancários Classistas (CTB) e autor do blog Classista


Leia também:

Comunicadoà população de Florianópolis sobre a greve do transporte coletivo

Sindicatos,movimentos populares e partidos declaram apoio à greve dostrabalhadores do transporte




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